SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Não se espante se estiver em um bar e, de repente, Mari Fernandez aparecer de surpresa para cantar ao vivo. A cantora de 23 anos está gravando um novo projeto chamado “Mari no Barzinho” e vai rodar algumas cidades brasileiras para lançar as novas músicas.
No final de abril, ela já gravou no Rio de Janeiro e em Goiânia e novas cidades ainda vão ser definidas. No mesmo mês, ela completou três anos de carreira. O novo investimento pode ser encarado como preparação para as festas juninas de 2024.
“É o melhor período para um artista. Faço cerca de 40 a 60 shows por mês e quero que alguma música minha já esteja na boca do povo até lá”, diz ela em entrevista à Folha de S.Paulo. Enquanto fala com a reportagem, ela arruma cabelo e faz maquiagem com uma profissional para a gravação do DVD do cantor Mano Walter.
Mari se tornou conhecida em 2021, na pandemia, e viralizou no TikTok com canções como “Parada Louca” e “Comunicação Falhou”, de seu primeiro CD. Três anos depois, é uma das cantoras mais famosas no Brasil e, vira e mexe, ocupa mais de uma posição no ranking das músicas mais escutadas do país no Spotify.
Com uma carreira que já considera consolidada, ela afirma se sentir segura para investir em novos ritmos além daquele que a revelou: o piseiro. “Atribuo o meu sucesso à minha versatilidade”, explica. “Consegui me tornar relevante. Estou sempre gravando com pessoas do sertanejo, do funk, do pagode e do forró.”
“Estou na minha melhor fase”, avalia ela. “Posso cantar diferentes tipos de música e me preparo para me renovar musicalmente. Se amanhã a tendência for sertanejo, eu vou cantar sertanejo. [Porque] Eu não sei fazer outra coisa além de cantar.”
Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
Pergunta – Seu sucesso nacional aconteceu na pandemia e, aos 23 anos, você é uma das artistas mais escutadas do Brasil. Como foi esse período em que você estourou e como fez para manter o sucesso?
Mari Fernandez – A viralização foi muito rápida, mas eu já tinha um trabalho nos bastidores, fui compositora por cinco anos. Nessa época, eu gravava vídeos cantando as minhas próprias composições e enviava para artistas e empresários, então as pessoas passaram a me conhecer. Recebi então a proposta de gravar um CD. Meu sonho sempre foi ser cantora, quando era criança ficava na frente do espelho com uma escova de cabelo cantando. Esse CD foi em 2021, e a divulgação foi de maneira bem orgânica e sem investimento, mas como as pessoas estavam consumindo muito TikTok, viralizei lá. Fiquei: “Meu Deus, o que está acontecendo?”.
P. – Você começou no piseiro, mas, hoje em dia, tem parcerias com artistas do sertanejo, do pagode e do forró. Por que investe em gêneros diferentes daquele com o qual fez sucesso?
M. F. – Iniciei no piseiro, ritmo novo que surgiu na pandemia, e revelou diversos artistas além de mim: os Barões da Pisadinha, Vitor Fernandes, Tarcísio do Acordeon, Zé Vaqueiro e Nattanzinho… Mas não me mantive só nisso, estou sempre gravando com artistas de outros gêneros para continuar crescendo. Devo o meu sucesso, em primeiro lugar, à bênção de Deus, mas também à minha versatilidade. O apoio e carinho dos meus fãs também me ajuda, e da minha equipe também. Posso dizer que estou na melhor fase da minha carreira e consolidada, hoje tenho liberdade para cantar diferentes tipos de música e sempre me preparo para me renovar musicalmente. Se amanhã a tendência for sertanejo, eu vou cantar sertanejo porque nasci para cantar.
P. – Daqui a pouco começam as festas juninas, um período muito intenso para você. Como está a preparação?
M. F. – O São João foi chave na minha carreira, sou muito procurada, é a melhor época do ano para mim. Esse é o ano que mais vou fazer show. Vou rodar o Brasil inteiro e cantar em Campina Grande, na Bahia, em São Paulo e em outros lugares. Muito artistas começam a lançar músicas antes, estou gravando projetos novos, espero que até lá alguma [música minha] esteja na boca da galera. Faço preparação vocal porque é um período intenso, com mais de 40, 60 shows por mês. Tenho um fonoaudiólogo que me acompanha. A logística para a mulher é mais complicada, a gente perde tempo se arrumando, então eu durmo menos. Tento descansar bastante entre um show e outro e, por isso, sempre priorizo logística de ônibus porque consigo dormir. É um período muito especial para mim, fico muito ansiosa. O São João é um momento crucial para um artista.
P. – Recentemente, viralizou na internet um vídeo que mostrava você antes e depois de um processo de emagrecimento, e internautas acharam que isso aconteceu muito rapidamente. O processo de emagrecimento foi natural?
M. F. – Estou em um processo de autocuidado muito importante, demorou para eu entender que preciso estar bem física e mentalmente para entregar resultados. Percebi que precisava cuidar da minha voz porque, sem ela, não tenho nada. Eu não sei fazer outra coisa. Cantar não é só ter voz, tem preparação técnica, principalmente respiração para conseguir se movimentar no palco sem ficar ofegante. Em 2021, eu pesava 90 quilos, e tenho 1,60 metro. No final de 2023, em consulta com uma fono, percebi que a minha respiração era muito ruim. Já tinha feito cirurgia para corrigir um desvio de septo, e a fono me falou que precisava cuidar da alimentação, eu tinha refluxo e isso é péssimo para a voz. Então mudei todos os meus hábitos, fiz consulta com nutrólogo e personal trainer e, até fevereiro deste ano, perdi 14 quilos. Como perdi muito, começaram a surgir peles extras, então fiz uma lipoaspiração depois do Carnaval. Hoje peso 63 quilos. Estou na melhor fase da minha vida.
P. – Além da saúde física, você cuida da saúde mental?
M. F. – Faço terapia desde o início do meu sucesso porque, quando comecei, era muita informação para uma menina muito nova. Eu tenho responsabilidade de mulher, mas só tenho 23 anos. Era difícil conciliar a minha casa, sou a base da minha família. Minha mãe é doente do coração há muitos anos, ela está numa fase complicada, precisa fazer transplante. Preciso dar atenção para ela e tenho que ficar pegando no pé. Tenho diversas pessoas que precisam de mim, não só da Mari Fernandez, mas da Mariana. Então tenho que estar bem comigo mesma. Faço até hoje, foi uma das melhores coisas da minha vida. Aprendi que muito é sobre nós absorvermos ou não o que fazem com a gente, antes não tinha essa maturidade. Estou na minha melhor versão e sou muito grata à terapia.
P. – Como é a sua relação com as redes sociais? E com as críticas?
M. F. – Desde o início eu sou 100% ativa, sou pisciana e perfeccionista. Se não está do meu jeito, me incomoda demais. Tudo na minha carreira passa por mim, postagens e legenda eu tenho que aprovar. Amo internet, recebo muita mensagem de carinho. Tenho “haters” porque sou uma pessoa pública. Isso já me afetou mais, mas hoje não muda nada na minha vida. Agora sei diferenciar quem é importante para mim e quem agrega. Aprendi que devo me importar com quem me ama. Se nem Deus agradou todo mundo, não vai ser a Mari Fernandez que vai. Todo mundo que brilha é julgado.
P. – Você já disse que beija homens e mulheres. Se considera bissexual? Teve receio de falar sobre sexualidade?
M. F. – Sim, me considero bissexual. Tive receio no início por causa da vida exposta. É o mesmo sentimento na barriga de quando você vai contar para a família pela primeira vez e alguns não entendem, mas [falar sobre o assunto em público] não foi um momento difícil, sou resolvida quanto à minha sexualidade. É importante como artista ser bem livre em tudo. Demorou um tempo para eu entender que as pessoas não querem consumir só música, elas querem saber de vida pessoal também.
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