A principal questão enfrentada pelos países em desenvolvimento é, sem dúvida, a defasagem científica e tecnológica. O futuro pertencerá aos países que dominarem a ciência e a tecnologia, enquanto outros ficarão à mercê da importação de avanços, perpetuando seu atraso.
Durante meu mandato presidencial, busquei valorizar setores como o de Alberto Santoro, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, e Israel Vargas, mais tarde ministro da ciência e tecnologia. Sempre me interessei pelo estudo de partículas de altas energias, chegando a visitar o Fermilab nos Estados Unidos, onde um grupo brasileiro participava das pesquisas nessa área. Lá, fui recebido pelo Prêmio Nobel Leon Lederman, responsável pela descoberta dos neutrinos. Em um momento descontraído, mencionei ter ido para apoiar o povo local após a conquista do campeonato nacional de soccer. Posteriormente, visitei o grupo brasileiro no local.
Além disso, gostaria de abordar a discussão em torno da regulamentação da inteligência artificial, tema em debate no Congresso. No entanto, a interferência de certos grupos de interesse tem atrasado a tramitação do assunto, prejudicando o Brasil. A ponto do Supremo Tribunal Federal ameaçar intervir caso o Congresso não tome uma decisão.
Essa situação me faz lembrar de duas decisões que tiveram impactos negativos no Brasil. A primeira foi a extinção dos partidos políticos por um decreto do Regime Militar de 1964, o que resultou na fragmentação partidária atual com vinte e nove (29) siglas. A falta de lideranças é um desastre para a política, especialmente com a emergência de figuras frágeis devido ao papel das redes sociais.
Outra decisão prejudicial foi a restrição à entrada de tecnologias de computação e avanços digitais, sob um nacionalismo míope que visava desenvolver uma tecnologia nacional. Essa postura nos colocou em uma posição de total dependência do mercado estrangeiro. Se tivéssemos apostado no desenvolvimento de nossas próprias tecnologias, não estaríamos tão submissos atualmente.