A Arquidiocese de Salvador, na Bahia, terá uma missa em homenagem à Serva de Deus Vitória da Encarnação, uma religiosa soteropolitana cujo processo de canonização está em andamento. A celebração acontecerá nesta sexta-feira (19), marcando os 309 anos desde seu falecimento.
O evento será conduzido pelo Arcebispo de Salvador, Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sérgio da Rocha, às 10h, na Igreja do Convento Santa Clara do Desterro, local onde os restos mortais da Serva de Deus estão sepultados.
Madre Vitória da Encarnação nasceu em Salvador em 6 de março de 1661, sendo batizada no mesmo ano. Filha de Bartolomeu Nabo Correia e Luísa Bixarxe, ela foi incentivada pelo pai a ingressar na vida religiosa quando o Convento Santa Clara do Desterro foi fundado em 1677. No entanto, à época com 16 anos, resistiu à ideia.
Após anos, Vitória começou a ter sonhos frequentes com a Mãe de Deus e Jesus, que a chamavam para a vida consagrada. Mesmo resistindo no início, uma experiência marcante aos 25 anos a levou a decidir se consagrar inteiramente a Deus e seguir Sua vontade.
Desprendida do mundo material, Vitória optou por servir aos mais necessitados. Demonstrando grande caridade, vivia como uma serva, fazendo tarefas humildes e cuidando dos doentes no convento. Mesmo sendo ridicularizada e agredida por isso, ela permaneceu humilde e prestativa.
Cuidava dos enfermos, acolhendo-os em sua cela e zelando por eles até que estivessem completamente recuperados. Sua dedicação e virtude eram notáveis, mostrando-se sempre disposta a servir e ajudar, independentemente das circunstâncias.
O legado de Vitória da Encarnação perdura através de sua devoção e entrega à vida religiosa, inspirando aqueles que conhecem sua história e virtudes. Sua trajetória de amor ao próximo e busca pela vontade divina a tornam um exemplo a ser lembrado e honrado pela Arquidiocese de Salvador e além.Vida totalmente dedicada aos menos afortunados, enfermos e desamparados que procuravam o mosteiro em busca de ajuda. Enquanto exercia a função de porteira, uma grande quantidade de pessoas ia à portaria em busca de auxílio. Ela atendia a todos que podia e, mesmo de dentro da clausura, solicitava aos familiares que cuidassem dos necessitados que ficavam sabendo. Durante sua vida, doou tudo que possuía aos pobres, incluindo sua cama, passando então a dormir no chão sobre uma esteira de palha.
Dotada de habilidades místicas, ela se transfigurava ao fazer a via-sacra todas as sextas-feiras do ano. Seu desejo de imitar o Divino Esposo em seus sofrimentos era tão intenso que se castigava com cilícios e disciplinas rigorosas, conseguindo até converter pecadores que passavam pela via próxima ao convento e ouviam o som das chibatadas. Praticava jejuns rigorosos e, quando comia algo que gostava, misturava cinzas à comida para perder o sabor.
Entre as virtudes atribuídas à Madre Vitória da Encarnação, destaca-se a habilidade de sonhar com pessoas necessitadas e enviar ajuda imediatamente. Ela também era procurada pelas Irmãs do convento, que recorriam a ela para encontrar objetos perdidos.
Seu amor pelas almas do purgatório era tão grande que fazia preces diárias em seu sufrágio. Possuía o dom da revelação e profecia, sendo capaz de localizar pessoas desaparecidas e prever eventos futuros. Além disso, conseguia encontrar objetos e animais perdidos. Passava a maior parte das noites em vigília diante do Santíssimo Sacramento e era chamada pelo arcebispo da Bahia, Dom Sebastião Monteiro da Vide, de “tocha acesa diante do sacrário”.
Madre Vitória faleceu numa sexta-feira, às 15 horas, em 19 de julho de 1715. No momento de sua morte, as religiosas sentiram uma fragrância maravilhosa de rosas inundar o mosteiro. Quando a notícia de seu falecimento se espalhou, uma grande multidão se reuniu em frente ao convento. Logo, toda a cidade ficou sabendo e muitos consideravam ter morrido a “santa da Bahia”. Os fiéis levavam lenços, medalhas, terços e outros objetos para que fossem tocados no corpo da “santa”. Esses objetos eram guardados como relíquias. Inúmeros milagres foram atribuídos a ela após sua morte, levando o arcebispo da Bahia, cinco anos depois, a publicar sua biografia em Roma com o título “História da Vida e Morte da Madre Sóror Vitória da Encarnação”.
Os restos mortais da Madre Vitória da Encarnação estão na Igreja do Convento Santa Clara do Desterro, em Salvador, depositados acima de uma das portas que ligam o coro de baixo à nave do templo.
Em 7 de julho de 2019, a Congregação para a Causa dos Santos emitiu o decreto “Nihil Obstat”, autorizando a abertura do processo de beatificação da Madre Vitória, que passou a ser chamada, a partir daí, de Serva de Deus Vitória da Encarnação. Em 19 de novembro do mesmo ano, o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, presidiu a cerimônia de abertura do Processo de Beatificação.A Canonização da Madre Vitória da Encarnação está em andamento, com a apresentação das Comissões que irão atuar no processo, juntamente com o postulador da Causa, Frei Jociel Gomes, OFMcap.
O percurso para a canonização da Serva de Deus Vitória da Encarnação foi retomado após a pandemia. Os primeiros passos, tomados em 2018, seguem agora com a formação de um novo Tribunal, cujas atividades foram oficializadas em 24 de abril deste ano. O Tribunal é composto pelo postulador da Causa da Serva de Deus, Frei Jociel Gomes; pelo cônego Alberto Montealegre, nomeado Delegado Episcopal; pelo Padre Laudimar Oliveira da Silva, designado promotor de Justiça; pelo tabelião e assistente notarial, Dom Sebastião Rolim e Irmã Violeta, respectivamente.
A reunião que marcou o reinício dos trabalhos ocorreu na residência episcopal, com a presença do Arcebispo de São Salvador da Bahia, Cardeal Dom Sergio da Rocha, e do chanceler, Cônego Antonio Ademilton de Santa Bárbara. Com isso, o Tribunal reiniciou as investigações dos testemunhos e relatos de graças obtidas por intermédio da Clarissa que faleceu com reputação de santidade em 1715.
Como parte dessas etapas, a Comissão Histórica está finalizando a elaboração do relatório que será submetido ao Arcebispo. Paralelamente, a fase diocesana está em andamento, com previsão de término no segundo semestre de 2024. Após essa etapa, toda a documentação será enviada ao Dicastério da Causa dos Santos, na Santa Sé, para o início da fase romana.
SERVIÇO:
QUEM: Cardeal Dom Sergio da Rocha, Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil
O QUÊ: Santa Missa pelos 309 anos da morte da Serva de Deus Vitória da Encarnação
QUANDO: 19 de julho de 2024, às 10h
ONDE: Igreja do Convento Santa Clara do Desterro (Rua Santa Clara, Nazaré, Salvador)
Comentários Facebook