Capital bélica: Brasília tem uma arma registrada a cada 10 pessoas

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O Brasil está testemunhando um aumento no número de armas de fogo em circulação. Com um total de 260 mil armamentos em seu território, a situação em Brasília não foge à regra. Na capital, há uma arma registrada para cada 10 habitantes do Distrito Federal. Esse cenário pode ser justificado pela concentração de registros na categoria “órgão público”, que representa a grande maioria dos números do DF.

No ano passado, foram contabilizados 267.276 registros de posse de armas ativos no Distrito Federal, o que representa um crescimento de 289% em relação a 2022, sendo o maior aumento do país. Esta estatística equivale a 9.487 armas para cada 100 mil habitantes. Em números absolutos, apenas o estado de São Paulo supera o DF, com 303.785 registros de armas de fogo.

Confira os Registros de Armas no DF:

O levantamento foi realizado com base nos dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que compilou as informações do Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da Polícia Federal. Esses dados foram confrontados com os números mais recentes do Censo de 2022, conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ranking dos Locais com Mais Armas Registradas:

  • São Paulo – 303.785
  • Distrito Federal – 267.276
  • Rio Grande do Sul – 218.655
  • Minas Gerais – 184.107
  • Paraná – 143.642
  • Santa Catarina – 140.145
  • Goiás – 93.522
  • Rio de Janeiro – 90.681
  • Mato Grosso – 78.318
  • Espírito Santo – 65.282

Vale ressaltar que as armas de fogo registradas no Sinarm são divididas em duas categorias: as relacionadas a pessoas físicas, como caçadores, cidadãos, seguranças de autoridades e servidores públicos com porte por prerrogativa de função, e as pertencentes a pessoas jurídicas, incluindo armamentos de empresas com segurança própria, empresas comerciais, empresas de segurança privada e órgãos públicos.

Os dados apontam que, em nível nacional, o mercado de armas registrou um aumento significativo em 2023. O total de armas com registros ativos junto à PF agora ultrapassa 2 milhões. Somando-se a esses registros, existem 1,7 milhão de armas com registros vencidos no Sinarm e as armas de fogo de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) recadastradas junto àPF, totalizando um contingente expressivo de armamentos no país.

Com um total de 963 mil (PF), a Polícia Federal assumirá, a partir de 2025, a responsabilidade pelo gerenciamento de informações e fiscalização, conforme informações do FBSP. O cenário completo revela a presença de 4,8 milhões de armas de fogo no país.

De acordo com o FBSP, em relação ao número de armas registradas para pessoas físicas no Distrito Federal, temos 1.397 espingardas, 16.469 pistolas, 6.058 revólveres, 1.647 rifles e fuzis. Observa-se uma mudança no cenário, em que a pistola substitui o revólver como a arma mais comum entre os civis, aumentando a disponibilidade de armas com maior poder ofensivo.

Estatísticas indicam que a maioria das armas é adquirida e utilizada por homens, com apenas 5,8% das armas registradas em nome de mulheres em Brasília. Esse padrão se repete em âmbito nacional, onde 96% das armas pertencem a homens. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública destaca que, embora haja argumentos de que possuir armas de fogo aumentaria a segurança das mulheres, a adesão a essa ideia ainda é baixa.

O estudo também aborda a questão das “masculinidades frágeis” em uma cultura armamentista, evidenciando que essa conexão pode perpetuar estereótipos perigosos e contribuir para a violência doméstica, onde as mulheres e crianças são frequentemente vítimas, fato que pode explicar a menor adesão das mulheres às armas de fogo.

No que diz respeito às pessoas jurídicas, os locais com mais registros de armas incluem o Distrito Federal (241.652), São Paulo (145.788), Minas Gerais (45.322), Paraná (42.678) e Rio Grande do Sul (37.888). Nesses casos, as armas mais comuns são pistolas, revólveres, metralhadoras e fuzis.

O número de apreensões de armas aumentou em 2023, com 1.947 feitas pelos órgãos de segurança do Distrito Federal e outras 103 pela Polícia Federal. Em comparação com 2022, houve um aumento de 10% na quantidade de armas apreendidas pelas autoridades.

Nos últimos anos, a emissão de permissões para armas de fogo era compartilhada entre a Polícia Federal e o Exército Brasileiro. Contudo, uma nova política do governo transferiu a fiscalização dos CACs para a PF, visando aprimorar o controle sobre o mercado de armas, conforme estabelecido pelo Decreto nº 11.615 em julho de 2023. Essa reformulação tem como objetivo garantir uma supervisão mais rigorosa e eficiente, preparando as instituições para lidar com os desafios relacionados ao controle de armas no Brasil.

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