Um dos líderes da paralisação ambiental dos funcionários do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) está cedido pelo Executivo à liderança do governo no Senado. Cleberson Zavaski atua como diretor-presidente da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional) e é comissionado no gabinete da liderança desde 2021.
Mantendo seu cargo de diretor-presidente na Ascema, Zavaski declarou ao Metrópoles que a paralisação dos servidores ambientais é coordenada pelo Comando Nacional de Greve, com representantes de todos os estados. Ele negou qualquer conflito de interesses.
“Com relação à minha cessão, sou especialista em meio ambiente com ampla formação, cedido ao Legislativo desde 2021, e trato dos projetos relacionados às questões ambientais de todas as naturezas”, afirmou o servidor.
Com formação em engenharia agronômica e pós-graduação em educação, meio ambiente e desenvolvimento, Zavaski é funcionário público desde 2007. Ele ocupou diversos cargos no Executivo, como subsecretário de Planejamento, chefe de gabinete ministerial e secretário executivo do Ministério da Pesca e Aquicultura, além de diretor de planejamento da Aquicultura e coordenador de regularização fundiária do ICMBio.
O Metrópoles entrou em contato com a Ascema Nacional e o gabinete da liderança do governo no Senado para comentários sobre o caso. Até o momento da publicação, a Ascema informou que enviará uma nota oficial. O espaço segue aberto para atualizações.
Paralisação dos servidores ambientais
Na terça-feira (23/7), os servidores decidiram aceitar parcialmente a proposta do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), que inclui aumento sobre o vencimento básico, base para cálculo de gratificações e adicionais ocupacionais, periculosidade e insalubridade. Apesar da aceitação parcial, a categoria ainda não decidiu sobre o fim da paralisação.
Em carta aberta ao governo Lula (PT) enviada na terça-feira (23/7), os servidores se mostraram desapontados com a gestão atual, afirmando que suas ações têm sido, na prática, “totalmente opostas ao discurso”.
“Diante desse choque de realidade, entendemos que nossas expectativas foram irreais, que o discurso do governo não corresponde à prática e que não há um comprometimento real com o meio ambiente além dos holofotes dos fóruns globais”, trecho assinado também pela Ascema, presidida por Zavaski.
Funcionários de órgãos federais da área entraram em greve em 1º de julho, porém uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou a suspensão da mobilização após pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). Mesmo assim, alguns setores, como o de fiscalização, mantiveram a paralisação das atividades.
No final de junho, o Ministério da Gestão encerrou formalmente a mesa de negociação com o funcionalismo público da área ambiental, o que resultou no início da greve. As premissas da proposta incluem a ampliação em 20 níveis nas classes/padrões, garantindo uma correspondência entre atuais e novas classes/padrões.
Os servidores consideraram que, apesar de distante da reestruturação almejada para a carreira, a proposta atual vai evitar o aumento da defasagem.
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