São Paulo – A defesa do influencer Deivis Elizeu Costa Silva, conhecido como Nino Abravanel, de 18 anos, levantou hipótese de manipulação de imagens e solicitou à Justiça acesso à íntegra de vídeos citados pela Polícia Civil para incriminá-lo.
Nino Abravanel é suspeito de participar do assassinato do pedreiro Tarcísio Gomes da Silva, 32, na zona sul da capital paulista, na noite de 19 de maio de 2024, está foragido e se dispôs a prestar depoimento por vídeo – evitando, assim, que fosse capturado.
O influencer, flagrado por câmeras de segurança na área do homicídio, alega inocência.
6 imagensFechar modal.1 de 6Tarcísio foi executado com tiros no rosto perto da entrada do Terminal Guarapiranga
Reprodução/Polícia Civil2 de 6Após homicídio, atirador (canto superior esquerdo) foi flagrado fugindo
Reprodução/Polícia Civil3 de 6Supostamente dirigido por Nino Abravanel, veículo aguardou crime em faixa exclusiva de ônibus
Reprodução/Polícia Civil4 de 6Em seguida, veículo sai para recolher o atirador
Reprodução/Polícia Civil5 de 6Câmera mostra atirador chegando ao carro
Reprodução/Polícia Civil6 de 6Carro foge da região na sequência
Reprodução/Polícia Civil Em petição, o advogado Felipe Cassimiro pediu que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determine a “imediata disponibilização do conteúdo brutos das imagens, com todas as suas especificações”. Segundo alega, a medida teria o objetivo de garantir a validade das provas e a veracidade das filmagens.
“Ademais, neste momento de alto avanço tecnológico, sem que a Defesa faça qualquer ilação acerca do trabalho policial, é necessário trazer, ao menos a título de argumentação, que a facilidade de manipulação de arquivos, vídeos e fotos através de Inteligências Artificiais restariam resguardadas com a entrega dos códigos hash aqui solicitados”, escreve o advogado.
Investigação Foi com base em imagens de câmeras de segurança que a Polícia Civil montou a dinâmica de como Nino Abravanel, o irmão dele e três comparsas teriam matado Tarcísio. A vítima era acusada de assassinar a pauladas o avô do influencer naquele mesmo dia.
Para os investigadores, o crime aconteceu por vingança. No inquérito, a Justiça decretou a prisão temporária de Nino Abravanel, do irmão dele, Deric Elias Costa Silva, e dos amigos Eberton Salles de Lima, Júlio César de Souza Alves e Pablo Lyncoln Lira da Rocha.
Tarcísio foi surpreendido enquanto caminhava na Estrada do M’Boi Mirim, por volta das 22h40, e acabou executado com 11 tiros na nuca, no rosto e no pescoço. Uma testemunha relatou ter visto o atirador, vestido com capuz e roupas pretas, fugir a pé em direção ao Terminal Guarapiranga.
Ao levantar imagens do local (fotos acima), os investigadores perceberam que um Honda City prata entrou na faixa exclusiva de ônibus, na Avenida Luiz Gushiken. A pessoa que dirigia o carro ficou esperando o homicídio ser consumado e depois empreendeu fuga.
Preparação em restaurante O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelo inquérito, afirma que Nino Abravanel e os outros quatro suspeitos estavam reunidos em um restaurante menos de duas horas antes do crime.
O grupo sentou em uma mesa dos fundos e, apesar do clima ameno, quatro deles usavam blusa e capuz – vestes que destoavam dos outros frequentadores do estabelecimento. Para a polícia, este seria um indício de que a execução de Tarcísio já estava planejada.
5 imagensFechar modal.1 de 5Câmera de restaurante mostra os 5 suspeitos (mesa ao centro, na parte superior) reunidos antes do crime
Reprodução/Polícia Civil2 de 5Derik, de blusa e capuz pretos, é o primeiro a se levantar da mesa
Reprodução/Polícia Civil3 de 5Nino Abravanel segue o irmão
Reprodução/Polícia Civil4 de 5Câmera externa mostra grupo se dirigindo para o carro, estacionado na rua
Reprodução/Polícia Civil5 de 5O veículo, com os cinco suspeitos, deixam o local em direção ao Terminal Guarapiranga
Reprodução/Polícia Civil As imagens do circuito de segurança (fotos acima) mostram que Deric é o primeiro a se levantar da mesa. Na gravação, o irmão do influencer aparece com roupas parecidas com a do atirador.
Os cinco vão em direção ao Honda City, adquirido há pouco tempo por Eberton, outro integrante do grupo. Segundo a dinâmica descrita em relatório de investigação, todos os suspeitos entram no carro, que sai em direção ao Terminal Guarapiranga.
Perseguição e fuga A Polícia Civil obteve, ainda, imagens de outros locais (veja abaixo), nas imediações do terminal de ônibus, que mostram o carro parando. Nessa hora, Derik e Eberton teriam desembarcado e seguido a pé.
Outra câmera, instalada em um posto de gasolina, flagrou a vítima Tarcísio passando pela calçada do estabelecimento. Pouco depois, Deric aparece seguindo a vítima, com a mão esquerda na cintura, seguido de Eberton, visto correndo pelo mesmo lugar.
5 imagensFechar modal.1 de 5Carro para perto do Terminal Guarapiranga e Derick e Eberton desembarcam
Reprodução/Polícia Civil2 de 5Veículo sai na sequência
Reprodução/Polícia Civil3 de 5Vítima Tarcísio aparece caminhando na calçada
Reprodução/Polícia Civil4 de 5Pouco depois, câmera flagra Derik seguindo a vítima
Reprodução/Polícia Civil5 de 5Em seguida, Eberton passa correndo
Reprodução/Polícia Civil Os policiais afirmam que, após o crime, Deric saiu em disparada para dentro do terminal, onde já era aguardado pelo carro de fuga. Segundo a investigação, Nino Abravanel era o responsável por dirigir o veículo.
Pela análise dos agentes, o veículo retorna para a frente do restaurante. Deric desembarca e entra no seu Volkswagen T Cross. Já Julio César sobe em uma moto. Nino Abravanel deixa o local no Honda City. Nessa hora, Eberton não estava mais com o grupo.
Defesa de Nino Abravanel Em nota, a defesa afirma que o pedido de prisão temporária é “completamente injusto” e diz que Nino Abravanel é “totalmente inocente”. No comunicado, o advogado chama reiteradamente a vítima de “serial killer” e diz que Tarcísio “havia assassinado brutalmente o avô de Nino”.
“O serial killer Tarcísio Gomes da Silva tinha um histórico criminal bem extenso, incluindo casos de estupro, homicídio e feminicídio, e encontrava-se, ainda por cima, foragido da Justiça”, disse.
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