O mundo de Trump (por André Gustavo Stumpf)

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Os principais analistas brasileiros e norte-americanos consideram a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos como praticamente certa no próximo mês de novembro. A previsão dos resultados da escolha popular naquele país é sempre desafiadora devido ao funcionamento peculiar do Colégio Eleitoral, onde o candidato vencedor em um estado recebe todos os votos dos delegados, independentemente da proporcionalidade dos votos populares. Na primeira eleição, Trump perdeu no voto popular, mas venceu no Colégio Eleitoral contra Hillary Clinton.

No sistema eleitoral dos Estados Unidos, não há uma justiça eleitoral unificada. Cada estado conduz as eleições de acordo com suas tradições e legislações. O Colégio Eleitoral foi inicialmente criado para proteger as instituições do país e assegurar que apenas pessoas honestas e qualificadas chegassem à presidência, no entanto, não necessariamente resultou em presidentes de alta qualidade ou pertencentes à elite nacional. Um exemplo é George Bush Junior, que liderou guerras, não prestou serviço militar e não era conhecido por sua dedicação ao trabalho, mas tinha apreço por uísque.

Donald Trump é uma figura midiática proeminente. Sua notoriedade cresceu como apresentador de televisão e é reconhecido como um milionário que se recusa a divulgar publicamente sua declaração de imposto de renda. Mesmo após ser punido por esse comportamento, ele continua agindo à sua maneira, desconsiderando ordens judiciais. Eventualmente, se envolve em questões judiciais, ironiza juízes e segue em frente com sua vida. Além disso, foi protagonista de polêmicas ao levar documentos confidenciais para sua residência na Flórida sem sofrer consequências significativas, mantendo sua posição como líder da extrema direita global.

Nos Estados Unidos, a perseguição ao comunismo foi intensa, levando à ilegalidade do partido em 1954 e à ausência do socialismo democrático comum na Europa. No cenário cinematográfico, profissionais foram penalizados com a perda de empregos devido a supostas ligações com a esquerda. O espectro político norte-americano, representado em grande parte pelo Partido Democrata, tende ao centro, enquanto os Republicanos se movem em direção à direita, alinhando-se com ideologias radicais. A globalização resultou na transferência de empregos para a China, afetando negativamente a classe média com o surgimento do chamado cinturão da ferrugem.

Grandes corporações faliram, fábricas encerraram suas atividades e uma nova realidade econômica emergiu, afetando diretamente a economia e o tecido social dos Estados Unidos.

Os equipamentos em diversas cidades estão se deteriorando por estarem expostos ao tempo e abandonados. Por outro lado, o cidadão americano comum observa a rápida ascensão da China e de outros países asiáticos, como o Vietnã, que já foi um inimigo há 50 anos. Desde sua fundação, os Estados Unidos têm sido um país belicoso, pois seus líderes descobriram que a guerra traz lucro e mantém grandes empresas funcionando com subsídios governamentais generosos. A Marinha dos EUA, por exemplo, atualmente tem onze porta-aviões navegando pelo mundo, cada um com capacidade de ataque superior à soma de todas as forças armadas da América Latina juntas, o que acarreta custos bilionários mensais. No entanto, os Estados Unidos podem imprimir dólares e contrair dívidas à vontade, já que têm o poder de imprimir mais dinheiro para pagar.

Existe uma grande pressão para que Joe Biden desista de sua candidatura, e esse assunto continuará em discussão até a convenção do Partido Democrata. A situação política dos Estados Unidos está no seu pior momento possível, com um candidato considerado inapto por questões de saúde e outro considerado culpado por diversos crimes. A ascensão imparável da China no comércio e na expansão militar lança um tom sombrio sobre o futuro da humanidade. A guerra nuclear não interessa a ninguém, pois resultaria na aniquilação de todos. No entanto, Trump parece não se importar com tais questões e pretende intervir na guerra da Ucrânia a favor da Rússia. O presidente Volodymyr Zelensky provavelmente precisará buscar asilo em algum país aliado, e os palestinos poderão perder o que resta de seu território.

No Brasil, uma possível vitória de Trump despertará grande agitação na direita nacional, e os apoiadores de Bolsonaro tomarão as ruas com suas bandeiras em favor da ditadura. O centro político, se conseguir demonstrar sua presença, tenderá a construir uma candidatura moderna e atual, capaz de enfrentar os desafios contemporâneos da humanidade. O PT não tem outro candidato além de Lula, e Haddad é um reserva já testado. A esquerda falhou em vários países da região e cansou o eleitorado. Surgindo um candidato equilibrado, sem extremismos de nenhum lado e capaz de compreender o mundo atual, terá chances de vencer, a menos que Trump, antes disso, destrua tudo.

André Gustavo Stumpf, jornalista (andregustavo10@terra.com.br)

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