O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, foi convocado para depor como testemunha em 30 de julho na investigação judicial contra sua esposa, Begoña Gómez, por suposta corrupção e tráfico de influências, em um caso que gerou impacto político no mandato socialista. O juiz responsável pelo caso contra Begoña Gómez agendará o depoimento de Pedro Sánchez Pérez Castejón para o dia 30 de julho, às 11h, no “Complexo Presidencial de la Moncloa”, conforme informado pela corte em comunicado oficial. Desde o início da investigação, Sánchez tem defendido a inocência de sua esposa nesse assunto, o que levou a oposição a direcionar críticas ao governo.
Uma decisão contestada pelo Partido Popular (PP), principal partido de oposição, e também pela extrema direita do Vox, que classificou o silêncio de Gómez como “um verdadeiro insulto aos espanhóis e um ataque ao Poder Judiciário”, solicitando ao juiz que chamasse Sánchez para depor. O ministro da Justiça, Felix Bolaños, considerou a convocação de Sánchez como parte de “uma perseguição absolutamente cruel ao presidente do governo e à sua família” orquestrada pela extrema direita com a conivência do PP com o objetivo de derrubar o Executivo.
“Lamento dizer a toda essa matilha ultradireitista que não vão conseguir, que há Pedro Sánchez e há um governo progressista por muitos anos”, declarou ele à imprensa no Congresso dos Deputados. Ninguém está acima da lei, afirmou o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, em um evento de seu partido, onde pediu a renúncia de Sánchez. “Ninguém está acima da lei”, reforçou o porta-voz do PP, Borja Semper, lamentando que os espanhóis estejam “envergonhados diante desse escândalo contínuo do governo”.
Gómez, especializada na arrecadação de fundos, principalmente para fundações e ONGs, é suspeita de ter se beneficiado do cargo de seu marido em suas relações profissionais, em especial com Juan Carlos Barrabés, um empresário espanhol que recebeu auxílio público e também está sob investigação. Barrabés, que leciona em um mestrado da Universidade Complutense de Madri coordenado por Gómez, admitiu perante o juiz nesta segunda-feira ter se encontrado com a esposa de Sánchez cinco ou seis vezes em La Moncloa, duas delas na presença do presidente do governo.
O empresário, que obteve cartas de recomendação de Gómez para concorrer a licitações, está no centro das investigações relacionadas ao caso.O valor envolvido nos encontros do político Sánchez é de diversos milhões de euros, mas fontes próximas ao caso afirmam que as discussões se limitaram a temas de inovação.
O juiz Peinado justificou a necessidade do depoimento de Sánchez no processo, citando a importância de investigar a possível ligação da pessoa investigada com uma autoridade no crime de tráfico de influências. No entanto, a lei espanhola permite que uma pessoa se recuse a testemunhar contra seu cônjuge.
Após uma denúncia da Manos Limpias, grupo próximo à extrema direita, baseada unicamente em artigos de jornais, a investigação teve início. Posteriormente, a associação Hazte Oír se juntou à causa.
A Guarda Civil apresentou dois relatórios ao tribunal concluindo que não houve irregularidades por parte de Gómez, enquanto o Ministério Público solicitou o arquivamento do processo.
Quando a investigação se tornou pública no final de abril, Sánchez surpreendeu a população ao considerar renunciar ao cargo. Após cinco dias de reflexão, optou por permanecer no poder.
Desde então, o primeiro-ministro tem reforçado as acusações sobre uma suposta estratégia para derrubar seu governo de esquerda, envolvendo “meios fortemente influenciados pela direita e extrema direita”, com apoio da oposição.
Patxi López, porta-voz parlamentar do Partido Socialista, lamentou na segunda-feira “a perseguição política que Begoña Gómez está enfrentando por ser esposa de Sánchez”, enfatizando que “é evidente que isso sempre foi uma armadilha montada pela extrema direita e pela direita”.
*Com informações da AFP
Publicado por Tamyres Sbrile
Comentários Facebook