Por dia, 2 médicos são afastados por doenças na rede pública do DF

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Nos últimos meses, o Metrópoles relatou situações de pessoas que enfrentaram longas esperas por atendimento na rede pública de saúde do Distrito Federal. Tragédias como a morte de grávidas e crianças ocorreram devido à demora ou falta de assistência, muitas vezes devido à escassez de médicos. Além da falta de profissionais da medicina, a Secretaria de Saúde também tem lidado com o afastamento da categoria. Em 2023, uma média de 2,5 médicos solicitaram afastamento diário por questões de saúde mental.

No último ano, foram emitidos 933 atestados – a maioria solicitando afastamento de pelo menos 30 dias. De janeiro a abril deste ano, 235 funcionários da carreira médica formalizaram pedidos de dispensa por motivos de problemas de saúde mental. Essas informações constam em um relatório elaborado pelo GDF, considerando apenas os profissionais da área médica.

Conforme o documento, dos 933 atestados entregues por profissionais da área no ano passado, 26,26% pertenciam a médicos da família, que trabalham em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e cuidam do acompanhamento próximo dos residentes de suas áreas específicas.

Outros 14,79% dos afastamentos foram de médicos clínicos. Em seguida, estão os pediatras, representando um pouco mais de 12% dos atestados registrados no último ano.

As licenças médicas na rede pública foram principalmente concedidas devido a transtornos de ansiedade, reações ao estresse intenso e transtornos de adaptação, e episódios depressivos, respectivamente.

A região mais afetada pelo afastamento de médicos em 2023 foi a região sudoeste de saúde, que abrange residentes de Águas Claras, Recanto das Emas, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires. Unidades localizadas nessas regiões concentraram juntas 17,90% dos atestados.

Na sequência, está a região central, responsável pelo atendimento em Asa Sul, Asa Norte, Cruzeiro, Lago Norte, Varjão e Vila Planalto, com 12,9% das licenças médicas.

Casos recentes

Em abril, o Hospital Regional de Ceilândia (HRC) estava tão lotado, 175%, que não conseguia atender crianças doentes que buscavam ajuda na unidade de saúde. Em um determinado momento, a Ouvidoria da Secretaria de Saúde constatou que apenas um médico estava de plantão na pediatria.

A saúde do Distrito Federal apresenta uma carência de 25 mil profissionais, como indicado em relatório.

Anna Julia Galvão, de 8 anos, faleceu em 17 de abril no Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB), após passar por outras instituições hospitalares da capital.

No dia 14 de abril, ocorreu o falecimento de Jasminy Cristina de Paula Santos, uma bebê de apenas um mês de vida, na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Recanto das Emas. Segundo relatos da família, houve alegações de negligência e demora no atendimento prestado. Inicialmente, a criança foi diagnosticada com bronquiolite, no entanto, não foram solicitados exames complementares. Jasminy foi tratada com oxigênio, soro e salbutamol. A família questionou se seria necessário uma investigação mais aprofundada, mas os profissionais da UPA, de acordo com os familiares, limitaram-se a dizer que a menina permaneceria em observação.

O posicionamento da Secretaria de Saúde (SES-DF)

A Secretaria de Saúde (SES-DF) foi contatada e informou que está monitorando os índices de absenteísmo. Em comunicado, a pasta afirmou que “a média é de 10,53%, o que demonstra um acompanhamento constante desses dados”. A SES-DF reconheceu que a quantidade de licenças médicas está relacionada ao grande contingente de servidores, totalizando cerca de 35 mil profissionais. A principal causa para os afastamentos são os atestados de comparecimento e as licenças médicas, sendo estas últimas responsáveis por aproximadamente 25% da taxa de absenteísmo.

A SES-DF admitiu que enfrenta desafios na administração, porém ressaltou que “atua de forma proativa visando melhorar a qualidade de vida dos servidores”. Além disso, mencionou que a secretaria foi premiada com a medalha de prata no selo QualiVida em 2024, em reconhecimento das boas práticas em qualidade de vida e valorização do servidor. Em 2023, a instituição havia recebido a medalha de bronze, o que reflete o comprometimento em promover o bem-estar e valorizar os seus colaboradores.

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