Temu se torna o aplicativo de compras mais baixado do Brasil

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Recentemente, a Temu, um marketplace do grupo chinês PDD Holdings, conquistou o título de aplicativo de compras mais baixado no Brasil, em pouco mais de um mês desde seu lançamento no país. Conhecida como “Amazon com esteroides”, a Temu superou Mercado Livre, Shein, Shopee, Amazon e Magalu em número de downloads nos últimos 30 dias, de acordo com a ferramenta de pesquisa de mercado App Magic.

Em uma entrevista por e-mail mediada pela assessoria de imprensa da empresa, a Temu expressou sua animação com a resposta positiva dos consumidores brasileiros. A empresa ainda não possui um representante local, e as respostas foram fornecidas por um porta-voz institucional não identificado. Segundo eles, os consumidores buscam a boa relação custo-benefício dos produtos oferecidos na plataforma.

Operando em 70 países, a Temu não divulga informações sobre faturamento, infraestrutura, número de downloads ou total de usuários. No entanto, nos últimos 30 dias, o Brasil se destacou como o segundo maior mercado em número de downloads, com mais de 5 milhões, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com o App Magic.

O aplicativo “Temu: Compre como um bilionário” se tornou o aplicativo de compras mais baixado globalmente desde maio de 2023, superando Shein e Amazon, de acordo com o App Magic.

O rápido sucesso da Temu é impressionante. Apesar de ser uma empresa chinesa, a Temu foi lançada nos Estados Unidos em setembro de 2022, menos de dois anos atrás, pelo PDD Holdings, visando ser um marketplace em países estrangeiros, uma vez que o grupo já domina o mercado chinês com o Pinduoduo.

Em 2023, o PDD Holdings alcançou um faturamento de US$ 34,8 bilhões (R$ 188,8 bilhões) e um lucro líquido de US$ 8,5 bilhões (R$ 45,8 bilhões), representando um aumento de 90% em relação a 2022. Além disso, a Temu se destacou como o maior anunciante na final do Super Bowl em novembro passado, veiculando seis anúncios de 30 segundos, cada um ao custo estimado de US$ 7 milhões (R$ 38 milhões).

Na América Latina, a Temu já está presente em diversos países, incluindo Chile, Colômbia, México, Peru, República Dominicana e Uruguai. Antes de sua estreia no Brasil em junho, a empresa já havia ultrapassado varejistas consolidados no país, como Marisa, Mobly, Zara e Pernambucanas, ocupando a 65ª posição no ranking nacional em abril.

Em sua fase inicial no Brasil, a empresa está focada em entender as preferências e necessidades dos consumidores para aprimorar suas ofertas. A Temu opera por meio de um modelo inovador de e-commerce, direto da fábrica, eliminando ineficiências nas cadeias tradicionais de suprimentos, com o controle total da logística por meio de fornecedores exclusivos, dispensando intermediários e agilizando todo o processo.

O comércio online da Temu conecta diretamente os consumidores aos vendedores, muitos dos quais são fabricantes dos produtos. Essa abordagem elimina intermediários, reduzindo custos e simplificando a gestão do portfólio, contribuindo para a redução de desperdícios e eficiência nos preços.


Uma das estratégias para democratizar o acesso a produtos de qualidade a preços acessíveis é reduzir a quantidade de locais pelos quais um produto passa, conforme afirmou a empresa.

EMPRESA DESTACA IMPACTO DE IMPOSTOS NO MERCADO BRASILEIRO

No Brasil, o marketplace oferece uma ampla variedade de produtos, abrangendo mais de 250 subcategorias em 30 grandes categorias, que incluem vestuário, artigos para animais de estimação, decoração e ferramentas.

A chegada da empresa chinesa acontece em um momento desafiador, com a implementação da “taxa das blusinhas” a partir de 1º de agosto, cobrando impostos para compras de até US$ 50 (R$ 271). No site, a Temu já adiciona o peso das taxas sobre todos os produtos. Por exemplo, um tênis de couro de R$ 303 passa a custar R$ 585, somando R$ 182 de imposto de importação e R$ 99 de ICMS (para São Paulo).

Em maio, a varejista passou a ser parte das empresas certificadas no programa Remessa Conforme do governo federal, que oferece isenção de imposto de importação para mercadorias de até US$ 50.

“O imposto aplicado não inviabiliza os sites estrangeiros. Embora reduza a competitividade de preços, este modelo de negócios possui virtudes que incentivam as compras, resistindo mesmo diante de 40% de tributação”, afirmou o consultor Alberto Serrentino, da Varese Retail. “A Temu adota uma abordagem agressiva, realizando uma curadoria dos ‘sellers’, aprimorando a seleção de produtos e implementando estratégias de gamificação para atrair os clientes.”

As plataformas asiáticas, como Shopee, Shein e Temu, oferecem incentivos aos usuários, com base em suas compras, por meio de gamificação, que pode incluir descontos ou frete grátis. “O Brasil é um mercado estratégico e prioritário para todos os grandes marketplaces, tanto para atrair clientes e vendedores quanto para gerar tráfego”, destacou Serrentino.

VALORIZAÇÃO DO “BOCA A BOCA” NA PUBLICIDADE, APONTA EMPRESA

Entre os diferenciais da Temu, destacam-se a política flexível de troca ou devolução -gratuita por 90 dias- e o subsídio no frete. A empresa também oferece um bônus em caso de atraso na entrega. “Se o seu pedido não for entregue até a data estimada, emitiremos um crédito de R$ 10 em até 48 horas. Esse crédito será disponibilizado em seu saldo e poderá ser utilizado no próximo pedido”, informou o site.

A Temu ainda oferece um “ajuste de preço” caso o item seja vendido com desconto posteriormente. “A Temu cobrirá a diferença de preço na moeda em que o pedido foi feito se o valor do item for reduzido até 30 dias após a compra no mesmo local ou país (…) Para solicitar um reembolso por ajuste de preço, basta selecionar o pedido em ‘Seus pedidos’ e clicar no botão ‘Ajuste de preço'”, orienta a plataforma.

“Acredito que a competição será acirrada entre a Temu e a Shopee, esta última já possui uma base sólida de vendedores locais, algo que a Temu também deve buscar”, afirmou Serrentino, que se reuniu com representantes da Temu na China em junho, em uma missão de negócios com varejistas brasileiros.

Questionada pela reportagem, a empresa não forneceu informações sobre o progresso na captação de vendedores locais, uma estratégia fundamental para manter os preços competitivos. “No início deste ano, abrimos nossa plataforma ao primeiro”

Um grupo de vendedores qualificados nos Estados Unidos e na Europa possibilitou que controlassem sua própria logística e enviassem produtos de suas próprias lojas”, declarou Temu.

“Nossa intenção é incluir em breve mais vendedores de todo o mundo. À medida que seguimos expandindo e adquirindo mais conhecimento sobre o mercado brasileiro, ajustaremos nossas estratégias de logística e entrega conforme necessário para fornecer o melhor serviço possível.”

A empresa menciona que emprega uma variedade de ferramentas de marketing, incluindo anúncios na televisão, online e com influenciadores. “Um fator crucial, que muitas vezes é negligenciado, são as recomendações boca a boca. Quando alguém tem uma experiência positiva conosco e compartilha com amigos e familiares, isso é extremamente significativo,” afirmou.

“Mostra que estamos desempenhando um bom trabalho – que os consumidores confiam em nós o suficiente para nos recomendarem para pessoas próximas. Conforme nosso negócio cresce, ficamos cada vez mais conscientes do valor dessas recomendações pessoais, que se tornam mais influentes do que a publicidade tradicional em muitos mercados.”

FUNDADOR TEM 44 ANOS, É FILHO DE OPERÁRIOS E TRABALHOU NO GOOGLE

O fundador do PDD Group é Colin Huang, de 44 anos. Nascido em Hangzhou, cidade natal da gigante do comércio online Alibaba, proprietária do AliExpress, conforme relata o jornal Financial Times. Huang obteve formação em ciência da computação na Universidade de Zhejiang antes de se mudar para os Estados Unidos, onde trabalhou na Google.

Huang teve alguns empreendimentos online até que, em 2015, concentrou-se na criação de um “ecommerce social”, o Pinhaohuo, onde os consumidores poderiam obter descontos ao convencer amigos a adquirir o mesmo produto. Inicialmente, o site comercializava frutas.

Pouco tempo depois, lançou um segundo aplicativo, seguindo o mesmo modelo de compra em grupo em um mercado online, onde qualquer vendedor poderia listar seus produtos. Assim, surgiu o Pinduoduo. O ano seguinte viu um grupo de investidores estrangeiros injetar US$ 50 milhões (R$ 271,3 milhões) no Pinduoduo, impulsionando os negócios.

Desde março de 2021, Huang afastou-se da gestão diária do PDD Group, sem ocupar cargos executivos ou no conselho. Em uma carta aos acionistas do grupo na época, ele mencionou seu compromisso em moldar o futuro dos negócios nos próximos 10 anos, garantindo a lucratividade contínua do grupo.

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