Donald Trump fez um comício neste sábado (20) como parte de sua campanha para as eleições presidenciais dos Estados Unidos, após sobreviver a uma tentativa de assassinato e rejeitou as preocupações de que sua liderança, considerada extremista, represente uma ameaça à democracia. Ele afirmou: “Na semana passada, fui alvo em defesa da democracia”, ao ser aplaudido pelas cerca de 12 mil pessoas presentes no comício em Grand Rapids, Michigan, um estado crucial onde venceu em 2016, mas perdeu para Biden em 2020.
O ex-presidente enfatizou que não é de forma alguma um extremista, refutando as alegações sobre sua ligação com o “Projeto 2025”, um manifesto radical liderado por pessoas próximas a ele e descrito por seus opositores como uma agenda autoritária e de direita. Trump apareceu com uma bandagem menor do que a que havia sido vista nos últimos dias em sua orelha direita, sendo recebido com entusiasmo pela multidão uma semana após o atentado durante um evento de campanha na Pensilvânia.
Durante o comício, Trump prometeu uma vitória esmagadora para os republicanos nas próximas eleições e zombou dos democratas, ironizando que “eles nem sabem quem é o candidato deles”. Ele chegou a mencionar que acredita que o QI de Biden pode ser 50, 60 ou 70, sendo um QI abaixo de 70 considerado baixo.
Em um discurso longo, ele renovou suas críticas inflamadas contra os imigrantes, a quem acusa de cometer os piores crimes, e prometeu realizar a “maior operação de expulsão” da história dos Estados Unidos. Trump buscou reafirmar sua base de apoiadores em uma região marcada por uma intensa desindustrialização, como é o caso de Detroit.
Antes de Trump discursar, seu companheiro de chapa, o senador J.D. Vance, criticou a vice-presidente Kamala Harris, que tem sido apontada como potencial substituta de Biden caso ele desista da candidatura democrata. Vance, que é originário do estado vizinho de Ohio, afirmou: “Servi nos Marines dos EUA e construí um negócio. O que você fez além de descontar um cheque?”, referindo-se a Harris, ex-senadora da Califórnia.
Por outro lado, Biden, com 81 anos, e sua equipe permanecem firmes publicamente quanto à sua permanência na corrida presidencial, apesar de rumores indicarem discussões em seu círculo próximo sobre sua possível saída devido à sua saúde física e mental. Diversas especulações surgiram sobre quem poderia substituí-lo, sendo que Harris surge como a opção mais viável. A senadora democrata Elizabeth Warren declarou que confia que, se Biden decidir se retirar, Harris está pronta para assumir e liderar o partido contra Trump nas eleições de novembro.
Cerca de 20 representantes do partido democrata já expressaram publicamente o mesmo desejo, e alguns até propõem uma convenção partidária aberta para escolher um substituto para Biden.
União dos republicanos Uma possível saída de Biden da corrida presidencial poderia, de qualquer forma, impactar os republicanos, que teriam que reavaliar sua estratégia eleitoral, minuciosamente delineada durante os quatro dias da convenção realizada esta semana em Milwaukee. Até o momento, a saúde de Biden tem sido o foco principal da campanha republicana, com cada vez mais peças de propaganda eleitoral destacando um presidente que comete deslizes, gagueja e se confunde. Aos 78 anos, Trump evitou atacar Biden por sua condição de saúde na quinta-feira durante seu discurso na convenção republicana, na qual foi oficialmente nomeado candidato. Tais argumentos poderiam se virar contra ele caso Harris, a atual vice-presidente de 59 anos, se torne sua oponente. Enquanto isso, Donald Trump está em boa fase, desfrutando das adversidades dos democratas. Ele não apenas sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 13 de julho, mas também teve arquivado um processo aberto contra ele por suposta má administração de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca em janeiro de 2021. Sua imagem após o ataque do último sábado, com o rosto ensanguentado e o punho erguido enquanto era escoltado por agentes do Serviço Secreto, rodou o mundo e reforçou a imagem de homem forte. Trump também obteve, esta semana, o respaldo de líderes de seu partido, inclusive de ex-adversários das primárias, sem divisões internas. As eleições presidenciais nos Estados Unidos serão realizadas em 5 de novembro.
Autor: Heverton Nascimento
*Com informações da AFP
Comentários Facebook