No entendimento de membros do Itamaraty, a intervenção do presidente Lula ao comentar, na terça-feira (30/7), sobre a eleição presidencial na Venezuela foi considerada excessiva. Durante uma entrevista à “TV Centro América”, afiliada da TV Globo em Mato Grosso, Lula solicitou a apresentação das atas das zonas eleitorais, mas afirmou não enxergar nada de “grave”, “anormal” ou assustador no processo eleitoral venezuelano.
O Partido dos Trabalhadores reconheceu e elogiou o povo venezuelano pela realização pacífica das eleições, conforme destacado por Lula. Ele ressaltou que o colégio eleitoral e o tribunal eleitoral já reconheceram Maduro como vencedor, embora a oposição ainda não tenha feito o mesmo. Para o presidente, trata-se de um processo normal, apesar das divergências de porcentagens entre os candidatos.
Segundo diplomatas de alto escalão do Brasil, Lula deveria ter limitado seu pedido à apresentação das atas, seguindo a postura oficial adotada pelo Itamaraty até o momento. Um membro da cúpula do Ministério das Relações Exteriores afirmou sob reserva que “O presidente enfatizou as atas. Poderia ter parado por aí”.
A declaração de Lula também recebeu críticas de alguns de seus assessores no Palácio do Planalto. Há receio de que declarações condescendentes com o regime ditatorial de Nicolás Maduro prejudiquem a imagem do presidente e do governo.
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