Aliados de Lula veem Marçal competitivo e desafio maior para Nunes e direita após Datafolha

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Aliados do presidente Lula (PT) e membros do governo estão reconhecendo a crescente competitividade do candidato Pablo Marçal (PRTB) e a complexidade que isso representa para a disputa pela Prefeitura de São Paulo. Na visão deles, os dados do Datafolha demonstram a força de Marçal, destacando que seu crescimento se tornou um desafio maior para o prefeito atual, Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição, e também sinaliza a possibilidade de divisão na ala direitista.

Lula endossa a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), tendo Marta Suplicy, do PT, como vice. Dentro dos apoiadores do presidente, há uma interpretação política de que a ascensão do influenciador pode provocar fissuras na direita. Para alcançar o segundo turno, Nunes pode se ver obrigado a adotar estratégias mais alinhadas à direita conservadora.

O levantamento do Datafolha divulgado na quinta-feira (22) evidenciou que Marçal ganhou sete pontos percentuais em duas semanas, encontrando-se em empate técnico na liderança da corrida pela prefeitura. Com 21% das intenções de voto, ele divide a dianteira com o deputado Guilherme Boulos, que oscilou de 22% para 23%, e Ricardo Nunes, que caiu de 23% para 19%.

Marçal ultrapassou numericamente o atual prefeito, deixando para trás também o apresentador José Luiz Datena (PSDB), que foi de 14% para 10%. O influenciador conquistou terreno à medida que Nunes e Datena recuaram em suas taxas de intenção de voto.

A campanha agressiva de Marçal, baseada em forte presença e engajamento nas redes sociais, tem sido acompanhada de polêmicas e ataques, como as acusações infundadas contra Boulos relacionadas ao uso de drogas. Especialistas ligados ao presidente demonstraram surpresa com a rápida ascensão do candidato do PRTB nas pesquisas, mas acreditam que isso, a princípio, não representará uma ameaça imediata para a chapa do PSOL, contando com a influência de Lula nas áreas periféricas.

Com a necessidade de reação por parte do atual prefeito diante do avanço de Marçal, o embate com Boulos pode temporariamente ser deixado em segundo plano, proporcionando um alívio para o psolista, segundo análises internas.

Por outro lado, alguns interlocutores buscam minimizar a ascensão inicial de Marçal, argumentando que ainda é o começo da corrida eleitoral. Fazem analogia com casos passados, como o de Celso Russomano, que liderava as pesquisas no início mas depois perdia fôlego. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) adota uma linha similar ao afirmar que a campanha mal começou e que as eleições apenas ganharão maior intensidade após o feriado de 7 de Setembro.A ascensão de Marçal pode gerar divisões no campo da direita, impactando o bolsonarismo em nível nacional e a longo prazo. Isso poderia diminuir a influência política do ex-presidente para as eleições de 2026, quando ele tentará eleger aliados, já que ele próprio está impedido de concorrer.

Não é coincidência que alguns dos principais representantes do bolsonarismo, incluindo os filhos do ex-presidente, tenham começado a criticar Marçal. Jair Bolsonaro, por sua vez, fez questão de se distanciar do influenciador, rebatendo suas declarações nas redes sociais.

Depois de uma publicação de Bolsonaro, Marçal tentou exaltar o ex-presidente, porém acabou sendo ironizado. “Vamos com tudo, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”, escreveu o influenciador. Bolsonaro respondeu: “Nós? Um abraço.”

Durante a cerimônia no STJ, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que o grupo político visa vencer as eleições de 2026, mas que esse processo passa por 2024, com as composições políticas formadas para as eleições municipais deste ano.

Apesar de não criticar diretamente Marçal, Flávio deu a entender que o influenciador está criando uma situação que vai contra a estratégia nacional do bolsonarismo. Por isso, ele enfatizou a importância de que aqueles que apoiam Jair Bolsonaro ouçam o que ele está dizendo e sigam o pedido de voto em Ricardo Nunes.

“A campanha ainda nem começou de fato. Portanto, acredito que o presidente Bolsonaro merece muito mais respeito e confiança daqueles que estão ao seu lado, que o acompanharam desde o início, passando por todas as dificuldades, conquistas e perseguições. Se eu fosse eleitor em São Paulo, certamente escolheria o candidato indicado pelo presidente Bolsonaro”, disse o senador.

“É claro que não se pode analisar a eleição em São Paulo isoladamente. É preciso olhar para todo o panorama, que é a eleição no Brasil, e que terá um grande impacto em 2026. A recuperação do Brasil em 2026 passa pelas eleições de 2024, e São Paulo é apenas uma peça desse cenário”, concluiu.

Mesmo com as movimentações do clã Bolsonaro, os aliados de Lula lembram que o apoio de figuras políticas não é garantia de vitória eleitoral. Um exemplo citado é o fraco desempenho do candidato petista, Jilmar Tatto, nas eleições de 2020. Mesmo com o uso da imagem de Lula na campanha, ele não chegou ao segundo turno.

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