O técnico de futebol, aos 63 anos, vivenciou um episódio de arritmia cardíaca provocado pela altitude na noite de quinta-feira, 22. Tite estava em La Paz, na Bolívia, para a partida entre o Flamengo e o Bolívar, quando passou mal. De acordo com um comunicado oficial do Flamengo, exames confirmaram que Tite experimentou fibrilação atrial. Essa condição é um dos vários tipos de arritmias cardíacas, caracterizada pela irregularidade nos batimentos cardíacos, provocando um descompasso entre átrios e ventrículos. A mudança de altitude pode desencadear o problema, pois pode sobrecarregar o coração.
Em locais muito elevados acima do nível do mar – a capital boliviana está situada a uma altitude de cerca de 3,5 mil metros – há uma redução na pressão atmosférica e, consequentemente, na pressão de oxigênio. Isso faz com que o coração tenha que trabalhar de forma mais intensa para funcionar adequadamente e oxigenar o sangue.
“O organismo precisa empregar mecanismos para se adaptar a essas mudanças, como o aumento da frequência cardíaca e a liberação de adrenalina. Em conjunto com a diminuição do oxigênio circulante, esses fatores podem sobrecarregar o coração e resultar no surgimento de arritmias”, esclarece Marcelo Franken, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Além dos impactos no coração, o Mal de Altitude, como é conhecido, também pode ocasionar edema cerebral (que desencadeia dores de cabeça, tonturas e sonolência) ou edema pulmonar, causando dificuldades respiratórias. No caso de Tite, que recebeu cuidados da equipe médica do Flamengo, houve condições para retornar ao Brasil para acompanhamento. Ele está sendo medicado no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, sem necessidade de intervenção cirúrgica.
Juan Izquierdo
O zagueiro Juan Izquierdo também enfrentou episódio de arritmia cardíaca e desmaiou durante a partida de seu time, o Nacional, contra o São Paulo, no estádio MorumBis. Segundo Helio Castello.
Segundo o Dr. Castello, cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o esforço físico intenso pode ser uma das causas das arritmias cardíacas, mesmo em atletas bem preparados. Situações como corridas intensas podem desequilibrar a relação entre oferta e demanda de oxigênio, desencadeando arritmias e eventual desmaio. Durante uma arritmia, a pressão sanguínea do atleta pode cair abruptamente, especialmente sob grande exigência física, levando-o a perder a consciência.
Além disso, o Dr. Castello aponta que fatores como desidratação e estresse também podem influenciar o desenvolvimento de arritmias, ao alterar o ritmo dos batimentos cardíacos. Qualquer elemento que perturbe instantaneamente o equilíbrio cardiovascular pode desencadear uma arritmia, uma vez que o coração opera independentemente da vontade consciente, sendo sensível a influências ambientais e cerebrais.
Após o mal-estar no jogo, Izquierdo foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein, onde seu estado é estável e ele permanece sob observação médica.
As arritmias cardíacas podem ser classificadas em dois tipos principais: as taquicardias, que aceleram os batimentos cardíacos, e as bradicardias, que os tornam mais lentos. Conforme explicado pelo Dr. Franken, existem diversas causas para esses distúrbios cardíacos. Um exemplo é a fibrilação atrial, comum em pessoas idosas, mas que também pode ocorrer em situações específicas, como o incidente envolvendo Tite. Em estágios agudos, essa arritmia pode reduzir a capacidade do coração bombear sangue, causando sintomas como tontura, desmaio, falta de ar e dor no peito.
Se não tratada de forma crônica e controlada, as arritmias apresentam riscos graves, como insuficiência cardíaca e formação de coágulos que podem causar acidentes vasculares cerebrais (AVCs). O Dr. Castello ressalta que as arritmias ventriculares, menos comuns, levam a um risco maior de parada cardíaca e estão geralmente relacionadas a problemas cardiovasculares pré-existentes, podendo evoluir rapidamente para condições críticas com alto risco de morte.
Felizmente, existem tratamentos eficazes para diversas formas de arritmia. Em alguns casos raros, as arritmias podem melhorar sozinhas, enquanto em outros, o paciente necessitará de medicamentos ou procedimentos como cardioversão elétrica para restaurar o ritmo cardíaco normal.
Com informações do Estadão Conteúdo, este artigo foi publicado por Fernando Keller.
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