Brasil está acreditando em almas na eleição da Venezuela, diz senador

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O senador Mecias de Jesus, líder do partido Republicano no Senado, compartilhou em entrevista ao Metrópoles sua opinião de que o governo brasileiro está demonstrando muita confiança ao aguardar as atas eleitorais da Venezuela serem divulgadas pelo regime de Nicolás Maduro.

Mecias de Jesus representa o estado de Roraima, que faz fronteira com a Venezuela e recebe diariamente dezenas de venezuelanos em busca de refúgio.

Ele destacou que a diplomacia brasileira está confiando demais ao esperar pelas atas: “Acreditar em almas é um termo utilizado quando se crê em algo que não tem probabilidade de se concretizar. A possibilidade dessas atas serem disponibilizadas é praticamente nula, e se forem, certamente serão falsas”, afirmou o senador em uma entrevista gravada na terça-feira (13/8).

Para Mecias, devido ao tamanho e importância do país na América do Sul, o Brasil já deveria ter adotado uma postura mais firme e se recusado a reconhecer o resultado das eleições na Venezuela.

O senador também defende veementemente que o Brasil exija a renúncia do que ele chama de “ditador” Nicolás Maduro: “É crucial que ele renuncie, se afaste do poder e que uma nova eleição seja realizada o mais rápido possível, com a presença de nações que possam validar a seriedade do processo eleitoral”.

Expressando sua decepção, Mecias criticou a postura do governo brasileiro em não tomar uma posição clara e objetiva em relação ao resultado das eleições: “Lamento muito a falta de assertividade em não reconhecer esse resultado”, completou o líder partidário. 

Veja o trecho da entrevista:

Desafios enfrentados por Roraima

O congressista ressaltou a situação delicada em que se encontra o estado de Roraima, que recebe uma grande quantidade de venezuelanos em condições precárias. Ele destacou que, atualmente, cerca de 880 mil venezuelanos vivem em Roraima, a maioria em estado de calamidade.

Desde as eleições na Venezuela, o governo brasileiro tem evitado fazer comentários sobre o vencedor do pleito, preferindo aguardar a divulgação das atas eleitorais para verificar a legitimidade da reeleição de Nicolás Maduro.

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, que esteve presente no dia das eleições na Venezuela, em entrevista à GloboNews, optou por não fazer comentários sobre o assunto.

É essencial promover algum tipo de diálogo de mediação, considerando a contestação do opositor Emundo González em relação ao resultado.

Lula e Maduro mantinham uma longa aliança, porém o presidente brasileiro começou a se distanciar quando o mandatário venezuelano adotou um tom ameaçador ao mencionar um “banho de sangue” caso perdesse as eleições.

Mecias expressa ceticismo em relação a uma saída pacífica de Maduro do poder. Segundo o senador, Maduro não está inclinado a ceder, pois conta com o respaldo do exército venezuelano e da Guarda Nacional venezuelana.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 9/2023, que busca anistiar os partidos políticos que não destinaram recursos para candidaturas de pessoas pretas e pardas nas eleições, foi o tema central da entrevista com o senador, que defendeu a medida. Ele argumenta que a PEC reorganiza politicamente os partidos, já que as regras foram modificadas pelo Tribunal Superior Eleitoral tardiamente para os partidos se adequarem adequadamente.

Mecias, líder do Republicanos em seu estado, mencionou as dificuldades em cumprir as cotas hoje e sugeriu que o TSE promova mais campanhas em prol da inclusão de mulheres na política. Ele pontuou que a simples imposição de regras não é o suficiente, sendo essencial facilitar a comunicação, orientação e publicidade para atrair mais mulheres para os partidos políticos.

O senador apoiou a decisão de adiar a votação dos projetos de regulamentação da reforma tributária para depois das eleições municipais, destacando que era crucial permitir tempo para os senadores se aprofundarem no tema e ouvirem suas bases. Ele acredita que esse adiamento possibilitará a apresentação de emendas e a votação de um texto mais conciso.

A respeito do prazo apertado para votar todos os projetos até o final do ano, Mecias mencionou que acha viável, especialmente porque o primeiro turno das eleições é em 6 de outubro e haverá poucos senadores envolvidos no segundo turno.

Mecias reagiu à suspensão do pagamento das chamadas “emendas Pix” decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), destacando que a medida interfere nas ações planejadas pelos parlamentares para suas bases eleitorais.A implementação do Pix como forma de pagamento compulsória deve ser respeitada devido à sua base em uma decisão judicial. Contudo, é importante ressaltar que o Congresso está empenhado em encontrar maneiras de esclarecer ao Supremo Tribunal Federal que “não há incondicionalidade nenhuma nesta emenda”.

O líder do partido Republicanos expressou sua concordância com o ministro do STF, Flávio Dino, principalmente no que diz respeito aos propósitos das emendas. Segundo ele, as emendas relacionadas ao Pix devem ser guiadas por objetivos claros e bem definidos. Elas não podem ser simplesmente uma decisão arbitrária do prefeito que as receberá, mas sim devem estar embasadas em um projeto concreto. Todas as emendas propostas pelo senador têm um propósito específico, como construir determinada estrutura ou viabilizar certa iniciativa.

Para saber mais sobre a posição do senador Mecias de Jesus, do partido Republicamos, assista à entrevista completa no vídeo a seguir:
Assista a entrevista completa com o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR):

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