Uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exigindo mais rapidez da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na liberação de remédios causou atrito com o diretor-presidente do órgão, Antonio Barra Torres, que respondeu à fala em uma carta aberta.
Lula falava no evento de inauguração da fábrica de polipeptídeo sintético da EMS em Hortolândia, no interior de São Paulo, na sexta-feira, 23, quando mencionou a cobrança feita pelo presidente do grupo farmacêutico NC, Carlos Sanchez. “É necessário que a Anvisa se mova com mais agilidade para aprovar os pedidos que estão lá, porque não é aceitável que as pessoas não consigam comprar remédios devido à demora na liberação”, afirmou o presidente.
Em seguida, o político adotou um discurso mais incisivo ao cobrar a agência: “Quando algum membro da Anvisa perceber que um parente seu faleceu porque o remédio que poderia ser produzido aqui não o foi devido a restrições, aí conseguiremos que a Anvisa seja mais eficiente e atenda melhor os interesses do nosso país”.
Por sua vez, Torres argumenta que a Anvisa vem perdendo servidores nos últimos anos sem reposição, e que o governo federal foi avisado de que a “falta de pessoal teria impacto direto no cumprimento da missão da agência”.
A carta também aponta que o governo federal autorizou apenas 50 das 120 vagas disponíveis em 2023 para concurso público e que a Anvisa cedeu 35 servidores requisitados para outras áreas de atuação.
“Desde o início do atual governo, a Anvisa enviou 26 comunicados expondo a questão da escassez de pessoal e participou de reuniões com ministros sobre o assunto. Com a falta de funcionários e responsabilidades em constante crescimento, o tempo para realização dessas tarefas certamente será prolongado”, afirma Torres.
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