Colaboradores israelenses detidos por tumultos que resultaram em uma morte em vila palestina
Quatro moradores de colonias israelenses, incluindo um menor de idade, foram detidos sob suspeita de participação em um ataque à vila palestina de Jit, na Cisjordânia ocupada, na semana passada, que resultou em pelo menos uma morte e a vandalização de várias casas e carros, segundo autoridades nesta quinta-feira. Os quatro suspeitos, capturados na noite de quarta-feira (21), estão sob interrogatório da polícia e do serviço de inteligência interna israelense (Shin Bet), conforme comunicado oficial. “O episódio é considerado um grave incidente terrorista que envolveu incêndio em edifícios e veículos, arremesso de pedras e coquetéis molotov. Também ocorreu um tiroteio que resultou na morte de um palestino e ferimentos em outro,” declararam porta-vozes da polícia e do Shin Bet.
Os detidos também são suspeitos de envolvimento em outros ataques contra palestinos, segundo as autoridades. Durante o ataque em Jit, em 15 de agosto, cerca de cem colonos judeus mascarados invadiram a vila, a leste da cidade palestina de Qalqilya, incendiaram diversos veículos e abriram fogo contra os moradores. Um jovem palestino, Rashid Mahmud Sadda, de 23 anos, foi morto pelos disparos. A Autoridade Nacional Palestina (ANP), responsável por partes limitadas da Cisjordânia ocupada, classificou o ataque como “terrorismo de Estado” e acusou o ministro da Segurança Nacional israelense, o colono anti-árabe Itamar Ben Gvir, de contribuir para o armamento dos extremistas através de sua política de incentivo à posse de armas pelos civis.
Por sua vez, Ben Gvir foi tímido em sua condenação ao ataque nas redes sociais logo após o ocorrido. “Quem deve lidar com o terrorismo e a dissuasão, inclusive contra os terroristas na aldeia de Jit, é o Exército israelense,” expressou em X rede social. O ministro ultranacionalista responsabilizou o ministro da Defesa, Yoav Gallant, alvo frequente de suas críticas, pela situação. Gallant, por sua vez, divulgou uma declaração chamando os agressores de “inocentes” e declarou que “eles não representam os valores das comunidades que residem em Samaria,” em referência aos assentamentos na Cisjordânia pelo nome bíblico utilizado pelas autoridades e colonos ao mencionar o território.
A Corte Internacional de Justiça decidiu, em 19 de julho, que todos os assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada são ilegais e ordenou que Israel evacuasse todos os colonos. Mais de 700 mil colonos habitam a Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e neste ano, o governo israelense, considerado o mais direitista da história, aprovou diversos planos de expansão dos assentamentos, regularização de postos avançados e extensas expropriações de terras. A Cisjordânia está passando por uma grave escalada de violência desde a Segunda Intifada (2000-05) e, até o momento, em 2024, pelo menos 294 palestinos foram mortos por disparos israelenses, a maioria combatentes ou agressores, mas também incluindo civis, com cerca de 70 menores de idade, após encerrar 2023 como o ano mais letal em duas décadas, culminando em mais de 520 mortes.
*Com informações da EFE
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