“Guardanapo”: como Milton Leite pretende se aposentar sem sair da mesa

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O vereador Milton Leite (União), figura poderosa na capital paulista, optou por não concorrer a seu oitavo mandato consecutivo na Câmara Municipal. No entanto, buscou manter sua influência na política, adotando um de seus apelidos conhecidos, o “Guardanapo”, que representa alguém que está sempre presente nas decisões, mesmo sem ocupar um cargo oficial.

Aos 68 anos, Leite passou os últimos seis anos como presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal, período marcado por atos de poder contestados pela oposição. Uma das polêmicas foi sua permanência prolongada nessa posição, algo que só foi possível após alterar a Lei Orgânica da cidade, que originalmente permitia apenas uma reeleição por mandato, com respaldo do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Embora tenha anunciado oficialmente no ano passado que não buscaria a reeleição, o vereador continuou ativo nos bastidores para preservar sua relevância nas decisões políticas.

Estratégia de Fortalecimento

Para manter sua influência, Leite trabalhou para ampliar a representatividade de seu partido na Câmara. Ele é o principal líder do União no Estado e possui autonomia em decisões partidárias relacionadas a São Paulo. Sua chapa eleitoral é diversificada, com integrantes de diferentes vertentes políticas, incluindo um influenciador de extrema-direita, defensores dos direitos animais e candidatos com histórico de votações expressivas.

Dois aliados de confiança foram escolhidos para liderar a chapa: seu chefe de gabinete, Silvio Antônio de Azevedo, e Silvio Pereira dos Santos, chefe de gabinete da Subprefeitura do M’Boi Mirim, sob sua orientação.

Enquanto preparava sua chapa, Leite também observava a estratégia do prefeito Nunes para obter o apoio de Jair Bolsonaro em sua campanha. Embora concordasse com a importância desse apoio, buscava delimitar a influência do PL na Prefeitura em troca da colaboração de Bolsonaro.

Por isso, Leite não apoiou imediatamente a indicação do Coronel Mello Araújo (PL) para a vice-prefeitura, pois estava atento a garantir a valorização de seu apoio político.

Milton Leite decidiu apoiar Nunes após receber a garantia de apoio do partido de Bolsonaro para a próxima eleição da Mesa Diretora da Câmara, o que o levou a concordar com o nome. No entanto, essa garantia não foi suficiente para fazê-lo apoiar imediatamente a reeleição de Nunes. Ao contrário, Leite realizou outras manobras para garantir seu espaço na prefeitura.

Próximo ao início do prazo das convenções partidárias em julho, Leite afirmou à imprensa que a situação com Nunes estava “péssima”. Em seguida, criou um banner com a inscrição “Milton Leite prefeito”, sem declarar abertamente sua intenção de concorrer contra Nunes. Durante a convenção do partido, condicionou o apoio ao prefeito a um acordo prévio sobre o espaço que sua legenda teria em um eventual mandato, interpretando como necessário uma “governação de coalizão europeia” e exigindo a criação de mais secretarias na prefeitura para o União.

Caso sua estratégia seja bem-sucedida, Leite comandará uma das maiores bancadas da Câmara Municipal no próximo ano, com o apoio dos partidos governistas para eleger um aliado como presidente da Mesa Diretora. Além disso, ampliará sua influência na administração da cidade, com seu grupo controlando diversas subprefeituras e secretarias municipais.

Recentemente, ao demonstrar seu apoio a Nunes, Leite reuniu seus correligionários em um evento realizado em um clube próximo à Represa Guarapiranga, na zona sul da cidade. O ato, que ocorreu no mesmo dia da convenção do prefeito, reuniu milhares de pessoas e causou interrupções no trânsito da região de Interlagos.

Durante o evento, cercado por bandeiras e apoiadores, Leite foi questionado sobre o tamanho da manifestação, que competia com a festa de Nunes, organizada por 12 partidos. O vereador respondeu ao questionamento com um sorriso, exibindo seus músculos e entregando um guardanapo à reportagem, fazendo uma piada sobre “não sair da mesa”. Anteriormente, Leite havia se irritado com uma reportagem que o citava com apelidos desconhecidos por ele e seus aliados.

Essa movimentação política intensa demonstra a disputa por espaço e influência na administração da cidade de São Paulo, com os interesses de diferentes grupos e partidos em jogo. A escolha entre apoiar ou desafiar o atual prefeito é crucial para a configuração do cenário político nos próximos anos.

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