No dia 24 de agosto, a Ucrânia celebra a sua independência, conquistada em 1991. Esse feriado é marcado por comemorações em todo o país, assim como eventos organizados no exterior. O presidente Volodymyr Zelensky enviou uma mensagem simbólica gravada em Mohrutsya, a cinco quilômetros da fronteira com a Rússia, na região de Sumy, alertando que a guerra “está de volta” ao país vizinho.
A invasão russa no 33º aniversário da independência ucraniana desde a queda da União Soviética tem um significado especial, segundo a correspondente da RFI em Kiev, Emmanuelle Chaze. Este é o terceiro Dia da Independência desde o início do conflito, quando os ucranianos perceberam que sua soberania e integridade territorial estavam em risco, vivendo sob ataques diários desde então.
“A Rússia declarou guerra contra nós, ultrapassando fronteiras soberanas e limites de crueldade e bom senso”, afirmou Zelensky. Ele acrescentou que Moscou “vai conhecer o significado de retaliação”. Zelensky destacou que a Rússia queria “nos destruir”, mas a guerra “chegou em casa”, referindo-se a Putin como o “velho doente da Praça Vermelha que constantemente ameaça com o Botão Vermelho nuclear”.
“Quem tentar semear o mal em nossa terra irá colher os frutos em seu próprio território. Isso não é uma previsão, ostentação ou vingança cega”, declarou Zelensky.
De acordo com dados do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev, o Dia da Independência se tornou o feriado preferido de 64% dos ucranianos.
Kiev Proíbe Igreja Ortodoxa Ucraniana
No mesmo contexto, Zelensky promulgou uma lei que proíbe a Igreja Ortodoxa Ucraniana, ligada a Moscou, reforçando a independência do país. O anúncio oficial foi feito no site do Parlamento.
O presidente destacou que essa medida fortalece a autonomia ucraniana. “Os ortodoxos ucranianos estão dando um importante passo para se libertarem da influência de Moscou”, concluiu.
Desde 2014, a Ucrânia tem buscado se afastar da hegemonia espiritual russa, acelerando esse movimento após a recente invasão russa. A Igreja Ortodoxa Ucraniana cortou laços com Moscou em 2022, mas as autoridades ucranianas ainda a consideram sob influência russa, intensificando processos judiciais que resultaram na prisão de diversos padres.
Esperança de uma possível invasão ucraniana na Rússia
Por questões de segurança, devido ao contexto de guerra, não houve grandes celebrações populares para comemorar o Dia da Independência. Serviços de inteligência de diversos países aliados alertaram sobre o alto risco de um ataque aéreo russo nessa data. No entanto, para marcar o aniversário, Kiev recebeu o presidente polonês, Andrzej Duda, e a primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, em visitas-surpresa.
O moral da população ucraniana melhorou nas últimas semanas, uma vez que a incursão ucraniana em território russo renovou as esperanças de uma reviravolta no conflito. A expectativa atual é de que, em algum momento, seja possível trocar o território sob controle ucraniano por áreas sob ocupação russa, como na Crimeia ou no Donbass, onde os russos continuam exercendo pressão, visando avançar em Toretsk e Pokrovsk, pontos logísticos cruciais da região de Donetsk.
Em 6 de agosto, as forças ucranianas levaram a batalha para o solo inimigo, desencadeando uma ofensiva sem precedentes na região fronteiriça russa de Kursk. Durante a operação, os soldados tomaram controle de várias localidades, enquanto as tropas russas avançavam no Donbass, localizado no leste da Ucrânia.
Neste sábado, Moscou e Kiev anunciaram uma troca de prisioneiros de guerra que beneficiou 230 pessoas, sendo 115 para cada lado, com mediação dos Emirados Árabes Unidos. Soldados que haviam sido capturados durante a surpresa ofensiva ucraniana em Kursk também foram incluídos nessa troca. A Ucrânia afirma ter feito “centenas” de soldados russos prisioneiros durante essa operação.
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