Depois de um pequeno ajuste de -0,15% na última sexta-feira (16), o Ibovespa retomou sua trajetória de crescimento nesta segunda-feira, alcançando um novo recorde, quase atingindo os 136 mil pontos. Isso representa uma superação em relação ao encerramento da penúltima sessão de 2023, quando atingiu 134.193,72 pontos. No dia de hoje, o índice da B3 variou entre 133.953,32 e 136.179,21 pontos, registrando um novo recorde dentro do dia. Ao final, apresentou um aumento de 1,36%, totalizando 135.777,98 pontos, com um volume financeiro de R$ 25,5 bilhões.
No acumulado de agosto, o Ibovespa obteve um ganho de 6,37%, colocando-se no positivo para o ano (+1,19%). Na B3, o destaque do dia foi o forte desempenho do setor metálico devido à valorização do minério na China, assim como o bom desempenho das ações de bancos, com Bradesco (ON +5,62%, PN +4,48%), Vale (ON +1,60%), Usiminas (PNA +6,91%), CSN (ON +6,19%) e Gerdau (PN +2,50%).
No topo do ranking de ganhos do índice, empresas voltadas para o mercado interno destacaram-se com aumentos de dois dígitos, como Petz (+23,87%) e Lwsa (+12,74%), além de Marfrig (+13,19%), CVC (+12,04%) e Magazine Luiza (+10,65%). Por outro lado, as maiores quedas ficaram por conta de Weg (-2,74%), Prio (-2,66%), Sabesp (-1,22%) e 3R Petroleum (-1,10%).
“O aparente alinhamento entre as declarações do presidente Lula e do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galiópolo, parece ter impulsionado a alta de hoje”, afirmou Inácio Alves, analista da Melver.
Esse efeito também foi sentido no mercado cambial, com a queda de 1,02% do dólar, chegando a R$ 5,4120, e no mercado de renda fixa, que recuou ao longo do dia, refletindo o apetite por risco no cenário internacional. Em Nova York, o Nasdaq se destacou com um aumento de 1,39% no fechamento do pregão.
Na contramão, os contratos futuros do petróleo apresentaram uma queda de mais de 2,5% devido às expectativas de um cessar-fogo em Gaza. Os investidores também estavam atentos aos sinais de desaceleração na demanda da China. Apesar disso, o avanço do Ibovespa não foi ainda maior nesta sessão devido ao desempenho negativo da Petrobras, que fechou em baixa (ON -0,77%, na mínima do dia no fechamento; PN -0,16%), em contraste com as demais blue chips deste dia.
No cenário interno, Alves, da Melver, destacou as declarações firmes de Galiópolo sobre inflação e taxa Selic, assim como a redução das expectativas para o IPCA, passando de 4,20% para 4,05%, de acordo com o Boletim Focus. “As expectativas são o que explicam o que foi visto hoje”, ressaltou também Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos, mencionando as revisões para cima na expectativa da Selic no final do ano, mesmo considerando o($__L1454)O Federal Reserve nos Estados Unidos está sendo considerado para a possibilidade de cortar os juros. Várias previsões indicam que a taxa básica de juros por lá pode chegar a 11,75% até o final do ano, o que representaria um aumento de 1,25 ponto percentual em relação ao nível atual. A expectativa é de uma transição suave para uma “soft landing” nos EUA, sem mudanças abruptas nas taxas de referência. A tendência de queda nos juros americanos deve ser tranquila, refletindo positivamente no Brasil, com impacto na recente valorização do real em relação ao dólar.
Os indicadores econômicos mais recentes nos Estados Unidos têm contribuído para afastar os receios de uma possível recessão. Marcos Moreira, CFA e sócio da WMS Capital, destaca a desaceleração da inflação e a gradual convergência para a meta como pontos positivos. A perspectiva de uma economia americana mais saudável também influencia positivamente o cenário interno, com a projeção de cortes nas taxas nos EUA já para setembro, diminuindo o risco no Brasil.
Atualmente, a economia brasileira mantém um ritmo aquecido, com projeções otimistas para o PIB de 2024, superando as expectativas de meses anteriores, e uma taxa de desemprego ainda baixa. Nesse sentido, Moreira ressalta que o cenário macroeconômico favorável se traduz em expectativas de lucro das empresas ligeiramente maiores, impulsionando os preços dos ativos, como ações.
Comparativamente a outros mercados emergentes e até mesmo em sua média histórica, a Bolsa brasileira ainda apresenta descontos significativos, com um índice Preço/Lucro abaixo de 8 vezes, enquanto historicamente se situa em torno de 11 vezes. Há, portanto, um desconto relevante a ser considerado.
Na movimentação do mercado de ações, o destaque fica para a valorização de aproximadamente 5% das ações do Bradesco, impulsionada pela recomendação de compra do Goldman Sachs e por resultados do segundo trimestre acima das expectativas. Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital, também aponta o bom desempenho de ações ligadas ao ciclo doméstico, como a varejista Magazine Luiza, sensíveis às perspectivas de crescimento mais sólido no PIB, além de se beneficiar da estabilidade cambial e de juros, e do impulso das vendas em suas operações digitais.
Informações do Estadão Conteúdo. Publicado por Fernando Keller.
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