“Nada de novo aconteceu por falta de uma engrenagem maior”, opina empresário Fábio Almeida sobre Carnaval de Salvador

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“Nada de inovação surgirá sem uma engrenagem maior”, menciona Fábio Almeida ao abordar o Carnaval de Salvador. O que seria crucial para manter o êxito do evento? A introdução de novos espaços? O surgimento de novos blocos? A retirada das agremiações tradicionais dos trajetos festivos? Estas foram algumas das dúvidas levantadas após um ano de triunfo, porém, de preocupação. Em 2024, o Carnaval de Salvador chegou a atrair cerca de 3 milhões de participantes às ruas, com o risco de superlotação no circuito Dodô (Barra-Ondina) em um dos dias de festa.

Em conversa com o Bahia Notícias, Fábio Almeida, sócio-diretor da Join Entretenimento, discorreu acerca da situação atual do Carnaval e da relevância de repensar o formato da celebração. Na ótica do empresário, é fundamental estar atento às reclamações dos foliões para proporcionar uma experiência festiva superior ao público.

“Embora não seja pessimista, também não enxergo tudo perfeito, tudo correto, tudo maravilhoso. Nem prevejo um cenário catastrófico. Mas compreendo que é imperativo que todos os agentes do Carnaval façam uma pausa para refletir quais serão os próximos passos do evento. O feedback que recebo é que os camarotes estão com boa venda e os poucos blocos que ainda desfilam nas ruas também estão indo bem nas vendas. A realidade é que enfrentamos uma restrição, um ponto crítico no Carnaval relacionado às cordas, não é nem sobre o cordeiro, e sim acerca das cordas. Há um estrangulamento, uma concentração do público que demanda ser levada em consideração. Este modelo precisa ser reavaliado.”

Dentre as queixas dos foliões, além da superlotação, do aperto dentro das cordas e da organização dos vendedores ambulantes, foi destacada a necessidade de voltar a atenção para os marginalizados que participam da folia e para a tradição do evento, opinião que é compartilhada por empresários do setor.

Em consonância com o público, Almeida, que já colaborou com artistas como Margareth, Saulo, Netinho e Ivete Sangalo, defende o investimento em novos talentos da música baiana, porém salienta que, mesmo com a emergência de novos artistas, o mercado ainda não os enxerga com potencial comercial.

“Considero crucial que todos os agentes do Carnaval promovam uma reflexão sobre os próximos passos do evento. Há uma riqueza artística expressiva, especialmente nos movimentos populares, como o Kannalha, O Poeta, que têm surgido bastante na Bahia. Pode ser que nem todos apreciem, mas é uma realidade. Todavia, no cenário mainstream, isso não se tem manifestado. Não se sabe se é porque os veteranos não abrem espaço ou porque o novo perde a relevância. Não se pode afirmar que não há renovação na música, pois existe. Contudo, essa renovação, com um apelo mais comercial, nos blocos, não tem sido vigorosa há alguns anos.”

Em uma recente entrevista ao Bahia Notícias, a cantora Melly defendeu a renovação do Carnaval.A essência da música no Carnaval é algo dinâmico e mutável. O público, por sua vez, também passa por transformações. O Carnaval atual é diferente do que costumava ser. O impacto positivo do movimento Axé é destacado, pois trouxe uma nova perspectiva à Bahia. A atenção voltada para a região impulsionou uma continuidade que, por vezes, pode limitar a criatividade artística e musical.

Para Almeida, o fortalecimento do Carnaval está intrinsecamente ligado aos movimentos populares que expressam a identidade baiana, como a banda BaianaSystem. Ele enfatiza a importância desse fenômeno cultural para a Bahia, mesmo após 15 anos de estrada. O empresário salienta que seguir por esse caminho é fundamental para manter o status de um dos eventos mais tradicionais do planeta.

Em sua visão, Almeida não se mostra pessimista, mas realista. Ele aponta a falta de inovações nos últimos anos devido à ausência de um planejamento estratégico mais abrangente. O Carnaval demanda uma discussão contínua ao longo do ano, diferentemente de outros eventos festivos. Propõe-se um debate constante sobre a relevância econômica e cultural da festividade para a Prefeitura e o Estado.

Almeida sugere uma abordagem inteligente e necessária para atrair turistas, diversificando as experiências além dos camarotes e blocos de corda. Ele destaca a importância de valorizar a riqueza cultural da Bahia, como as saídas do Olodum, do Ilê e do Gandhy. O Carnaval é um evento multifacetado, muitas vezes subestimado em sua complexidade, porém repleto de diversidade e riqueza cultural que merecem ser mais amplamente divulgadas.

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