Operação Faroeste: Produtores acusam borracheiro de manter esquema e realizar acordos com novo advogado em disputa por terras no Oeste baiano

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**Operação Faroeste: Acusações de produtores contra borracheiro por manter esquema em disputa por terras no Oeste Baiano**

A situação da disputa de terras no Oeste Baiano continua gerando polêmica, mesmo após a exposição feita pela Operação Faroeste, que teve início no final de 2019. Segundo produtores da região, que preferiram não se identificar, o borracheiro José Valter Dias, que foi considerado o “maior latifundiário do Oeste” pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), continua com os processos judiciais contra os produtores, mesmo diante das suspeitas de grilagem descobertas pela Polícia Federal durante a operação.

Após as acusações de envolvimento em uma organização criminosa que estaria envolvida na grilagem de terras na região, o borracheiro ainda segue lutando judicialmente.

Com o início das investigações, Valter foi representado inicialmente pela advogada Rosane Rosolen, mas posteriormente trocou para o advogado Iran Furtado de Souza Filho. Mesmo com a mudança de representação legal, a prática de litigar continuamente contra os produtores até chegar a um acordo teria permanecido a mesma.

Um exemplo disso ocorreu em junho deste ano, quando um acordo foi fechado entre José Valter Dias, em uma ação que também envolvia sua esposa, Ildeni Gonçalves Dias, agora representada por Iran, após uma ação movida pela Algodoeira Goioerê Indústria e Comércio. Essa ação, que se arrastava desde 1990, teve seu desfecho com a confirmação de um acordo, homologado pela juíza substituta da comarca de Formosa do Rio Preto, Lóren Teresinha Campezatto, reacendendo as questões da Operação.

A maneira como os acordos são realizados após a “grilagem”, investigada pela Polícia Federal, é similar aos casos envolvendo o borracheiro, como o da Fazenda São José, em Formosa do Rio Preto, com uma extensão de 366 mil hectares. A área, equivalente a cinco vezes o tamanho de Salvador, foi transferida para José Valter Dias e sua ex-esposa por meio de uma portaria administrativa do TJ-BA em 2015.

A região já sofria com a ocupação de cerca de 300 produtores de soja desde a década de 1980, os quais passaram a enfrentar uma série de decisões judiciais prejudiciais após a emissão da portaria, sendo alvo da Operação Faroeste. Valter Dias e sua esposa entraram com uma ação judicial de posse em 1985, um ano após a chegada dos produtores de soja, a maioria do Paraná, à região, incentivados pelo Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer II).

Previamente, o casal Dias afirmou serem proprietários da Fazenda São José por terem adquirido os direitos de herança da área, que na época não tinha limites definidos. Contudo, em 2017, uma liminar foi concedida durante a temporada de colheita, ordenando a saída dos agricultores. Na ocasião, os agricultores, que não foram ouvidos no processo, se viram obrigados a fechar acordos extorsivos, nos quais eram obrigados a pagar parte de sua produção para continuar em suas próprias terras, conforme revelou a Polícia Federal.

A investigação revelou que os valores exigidos nos acordos variavam de 25 a 80 sacas de soja por hectare, possivelmente parceladas ao longo de seis anos, totalizando um montante de R$1 bilhão pago pelos agricultores, segundo o Ministério Público Federal.

Em maio deste ano, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu os pedidos de Joilson Gonçalves Dias e de seu pai, o borracheiro José Valter Dias, ambos investigados pela Operação Faroeste, para indicação de um assistente técnico para analisar os documentos contábeis e constitutivos da empresa JJF Holding, empresa que teria recebido os valores acordados em ações anteriores. Essa é a informação mais recente sobre as investigações envolvendo a família, que continua sendo alvo da Operação Faroeste.

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