A trajetória política da ex-promotora Kamala Harris mostrará a sua capacidade de superar obstáculos. Para alcançar a presidência dos Estados Unidos, ela terá que sair da Convenção do Partido Democrata, que inicia hoje em Chicago e se estende até a próxima quinta-feira, muito mais fortalecida do que entrou.
Em 1992, o democrata Bill Clinton estava atrás nas pesquisas frente ao presidente republicano George Bush. Após a convenção, Clinton registrou um aumento de 16 pontos e conquistou a presidência em novembro. Kamala assumiu o lugar do presidente Joe Biden, que se via atrás de Donald Trump nas pesquisas, ultrapassando-o e vencendo nas eleições de 2020.
Nesse contexto, a convenção se torna decisiva para que Kamala se apresente não apenas como a ex-vice-presidente de Biden, mas como candidata à sucessão. Enquanto Trump avançou nas pesquisas após a convenção republicana, Kamala lidera atualmente, embora por uma margem estreita.
Para Kyle Kondik, editor da Sabato’s Crystal Ball, referência em projeções eleitorais nos EUA, a convenção desempenha um papel crucial:
“As convenções funcionam como uma espécie de sessão de motivação para os partidos. São quatro dias nos quais recebem atenção constante da mídia para propagandas e ataques contra o outro lado”.
Assim como o Partido Republicano apoiou Trump, espera-se que o Partido Democrata se una em torno de Kamala. Sua vitória a tornaria a primeira mulher e mulher negra a presidir os EUA, em meio a um país marcado pelo racismo, semelhante ao cenário brasileiro. O apoio dos casais Obama e Clinton fortalece sua campanha.
O tempo é um aliado de Kamala: ao término da convenção, faltarão menos de um mês para o início da votação por correio nos primeiros estados, como Minnesota, Dakota do Sul e Virgínia. A eleição, marcada para 5 de novembro, não é obrigatória e o primeiro debate entre Trump e Kamala está agendado para 10 de setembro.
Kamala é reconhecida por seu sorriso constante, um traço que a destaca. Seu candidato a vice, o governador de Minnesota, Tim Walz, compartilha dessa característica, sendo ambos denominados “os guerreiros da alegria”, em contraste com a dupla Trump e seu vice, senador J.D. Vance, rotulados como “esquisitos”.
Os eleitores esperam mais detalhes sobre o programa de governo de Kamala, especialmente em temas como imigração, uma questão delicada para o Partido Democrata diante das críticas ao fluxo recorde de imigrantes durante a gestão de Biden.
Comentários Facebook