Pablo Marçal oficializa candidatura a prefeito em meio a racha no partido

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Por ANA LUIZA ALBUQUERQUE, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O influenciador e empresário Pablo Marçal oficializou sua candidatura à Prefeitura de São Paulo durante a convenção do PRTB neste domingo (4), em meio a um racha no partido e a acusações de ilegitimidade em relação à direção nacional.

Marçal reuniu apoiadores e candidatos a vereador do partido em um centro de eventos na zona leste da capital paulista.

Atualmente, a presidência da legenda é ocupada por Leonardo Avalanche, um aliado de Marçal que impulsionou seu nome para a disputa municipal. Ele esteve presente na convenção, assim como o presidente do diretório municipal, Levy Fidelix Filho, herdeiro do fundador da sigla, Levy Fidelix, falecido em abril de 2021.

No entanto, nem toda a família Fidelix apoia Avalanche e suas decisões. Desde a morte do patriarca, houve uma série de conflitos pelo comando do partido, envolvendo acusações de falsificação de assinaturas.

Atualmente, pelo menos três grupos estão insatisfeitos e questionam a legitimidade da presidência nacional: um liderado por Júlio Cezar Fidelix, irmão de Levy; outro pela viúva Aldineia Fidelix; e um terceiro pelo pastor Edinazio Silva, de Pernambuco. Além disso, há disputas no próprio entorno de Avalanche.

No final de 2021, oito meses após a morte de Levy Fidelix, ocorreu uma convenção nacional que elegeu Júlio como novo presidente. Grupos dissidentes, no entanto, moveram uma série de ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) alegando irregularidades na convocação da assembleia.

Em 2023, o ministro Alexandre de Moraes, na época presidente do tribunal, determinou uma intervenção no partido para convocar novas eleições, que ocorreram em fevereiro deste ano, levando Avalanche ao comando.

A disputa, no entanto, ainda não chegou ao fim. Júlio e seus aliados, derrotados na convenção, chegaram a convocar uma assembleia extraordinária para junho para discutir a destituição do diretório nacional e a escolha de uma comissão provisória. No entanto, o movimento foi barrado pelo TSE a pedido do PRTB nacional.

O entorno da viúva Aldineia Fidelix afirma que o presidente do partido não cumpriu um acordo feito às vésperas da convenção de fevereiro. O grupo alega que a presidência está em situação irregular, o que poderia questionar as decisões de Avalanche e, consequentemente, todas as candidaturas do partido em cidades com mais de 200 mil habitantes, onde, segundo o grupo de Aldineia, a responsabilidade pelas indicações cabe à direção nacional.

Aliados dela acreditam que a pré-candidatura de Marçal está ameaçada por esse motivo, podendo ser alvo não apenas dos grupos dissidentes do partido, mas também de adversários e do Ministério Público.

O influenciador rejeita essa possibilidade e já declarou que não há divisões no partido.

Essa não é a primeira vez que Marçal se vê envolvido em disputas partidárias. Em 2022, ele foi candidato a deputado federal pelo Pros, mas teve seu registro cassado por decisão da Justiça Eleitoral, que anulou os atos da comissão provisória em meio às brigas pelo comando da sigla.

O empresário chega ao processo eleitoral em meio a um cenário conturbado dentro do PRTB, o que pode impactar sua jornada rumo à prefeitura de São Paulo.

No dia da convenção, os números das intenções de voto para Marc’al alcançaram dois dígitos, de acordo com as pesquisas. Na última pesquisa do Datafolha em julho, Marc’al apareceu com 10%, ficando atrás de José Luiz Datena (PSDB) com 11%, Guilherme Boulos (PSOL) com 23%, e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) com 24%.

Para além da instabilidade no PRTB, o influenciador terá que lidar com a escassez de tempo de televisão, um problema que ele minimiza graças ao seu amplo alcance e engajamento nas redes sociais. O fundo eleitoral destinado a ele é de R$ 3,4 milhões, um valor consideravelmente inferior ao de outras legendas.

O partido anunciou a pré-candidatura do empresário em maio, agitando a disputa com um bom desempenho no Datafolha – no final daquele mês, Marc’al pontuou entre 9% e 7% nos cenários testados pelo instituto.

A entrada do empresário na corrida eleitoral, ameaçando conquistar os votos da direita e interferir no desempenho de Nunes, obrigou o prefeito a reestruturar a estratégia de sua pré-campanha.

Até então, o prefeito considerava crucial o apoio de Jair Bolsonaro (PL), mas desejava manter certa distância da imagem do ex-presidente para evitar herdar sua rejeição. No entanto, diante da presença de Marc’al, Nunes decidiu selar uma aliança com Bolsonaro, aceitando o indicado do mesmo para a vice, o ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL).

O empresário também flertou com deputados bolsonaristas que demonstravam pouco entusiasmo em relação a Nunes.

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