O Exército tomou a decisão de retirar Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, da lista de promoção para o posto de coronel. Mauro Cid está sendo investigado pela Polícia Federal por seu suposto envolvimento na tentativa de golpe contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como no caso das joias revelado pelo Estadão em março de 2023. A defesa do militar não se pronunciou sobre o assunto.
Além de Mauro Cid, outros quatro militares que foram alvos na Operação Tempus Veritatis também foram excluídos da lista de promoção. Os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques de Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Ronald Ferreira de Araújo Júnior foram vetados pela Comissão de Promoção de Oficiais da Força Terrestre.
Segundo as normas do Exército, as promoções de oficiais que vão de aspirante a tenente-coronel são automáticas, baseadas no tempo de serviço ou no mérito. Posteriormente, um colegiado composto por 18 generais é responsável por decidir quem será promovido ao posto de coronel, que é o mais alto na hierarquia militar.
Ao ser questionado pelo Estadão sobre os critérios utilizados para promover um militar, o Exército não forneceu resposta. As promoções ocorrem três vezes ao ano, nos meses de abril, agosto e dezembro. Mauro Cid e os demais militares vetados ainda têm a chance de concorrer à promoção em dezembro e abril de 2025, desde que não estejam mais sob investigação da PF e que as restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sejam revogadas.
Hélio Lima e Guilherme Almeida, que até fevereiro eram comandantes em Manaus e Goiânia respectivamente, foram exonerados de seus cargos pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva. Mauro Cid já havia sido impedido de pleitear a promoção em abril, devido a sua prisão, o que violava um artigo da Lei de Promoções dos Oficiais das Forças Armadas.
O tenente-coronel Cid foi preso durante a Operação Venire da PF no ano passado, que investigava fraudes em cartões de vacinação contra a covid-19. Em setembro, após um acordo de delação premiada, apontou Bolsonaro como mandante das fraudes no sistema do Ministério da Saúde e mencionou reuniões entre o ex-presidente e os comandantes das Forças Armadas para discutir a tentativa de impedir a posse de Lula.
Cid voltou à prisão em março após áudios divulgados pela revista Veja, nos quais ele questionou a investigação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado. No entanto, em maio, foi novamente solto, mantendo a validade de sua delação premiada.
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