A Polícia Federal (PF) ouviu hoje uma mulher que alega ter sido vítima de assédio sexual por Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, que foi demitido após acusações de assédio sexual feitas à ONG Me Too Brasil. Uma das vítimas relatadas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Almeida continua negando as acusações.
O depoimento da suposta vítima é parte da investigação em andamento pela PF, que será encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) amanhã, quarta-feira, para decidir sobre a jurisdição do caso. A decisão de levar o caso ao STF antes da formalização do inquérito visa evitar possíveis questionamentos futuros que possam invalidar a investigação.
A revelação do caso foi feita pelo site Metrópoles na quinta-feira passada. A ONG afirmou, em comunicado, que ele foi denunciado por indivíduos ligados ao governo. De acordo com o Estadão, membros do governo já tinham conhecimento há pelo menos três meses dos relatos sobre o caso de Anielle Franco. A denúncia chegou ao Palácio do Planalto, porém não foi adiante, pois a ministra não formalizou, alegando não querer prejudicar o governo.
Logo após a exposição do caso, o ex-ministro publicou uma nota e recorreu às redes sociais para declarar que estava sendo alvo de denúncias infundadas. Almeida também solicitou à Justiça que a organização fornecesse esclarecimentos.
Em sua declaração, Almeida afirmou: “Em razão da minha luta e dos compromissos que marcam minha trajetória, afirmo que incentivarei de forma imparcial a condução de investigações criteriosas. Os esforços para alcançarmos uma sociedade mais justa e igualitária resultam de lutas coletivas e não podem ser comprometidos por vontades individuais. Estou ansioso para provar minha inocência. Que os fatos sejam apresentados para que eu possa me defender conforme o processo legal.”
Como o Estadão informou, a permanência de Almeida no governo tornou-se insustentável e os ministros Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Vinícius Carvalho (Controladoria-Geral da União) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) tentaram convencer o então ministro a renunciar, algo que ele relutava em fazer.
Durante uma reunião com Lula na sexta-feira, Almeida teve outra chance de entregar sua carta de demissão, mas recusou, alegando que isso seria admitir culpa. Em declaração após sua exoneração, Almeida mencionou que pediu ao presidente que o demitisse para possibilitar uma investigação imparcial, que deverá ser conduzida com rigor para amparar todas as vítimas de violência. Será uma oportunidade para provar minha inocência e me reerguer, afirmou.
Após a demissão de Almeida na sexta-feira, Anielle elogiou a decisão do governo e criticou aqueles que minimizam episódios de violência em suas redes sociais.
Almeida é o quarto ministro a ser afastado desde o início do governo Lula. Ele e o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, são os únicos demitidos por denúncias divulgadas pela imprensa. A deputada estadual de Minas Gerais, Macaé Evaristo (PT), assumiu o comando da pasta de Direitos Humanos.
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