Em Salvador, Barroso avalia que “engajamento” de empresas de tecnologia cria “incentivo perverso” para disseminar ódio

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Responsável pela palestra magna de encerramento da 2ª Edição do Congresso Desafios do Poder Judiciário na Contemporaneidade, em Salvador, nesta sexta-feira (13), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, não deixou de criticar as ameaças que as redes sociais têm trazido à democracia e à liberdade de expressão.

Ao classificar o atual momento também como uma revolução tecnológica, Barroso pontuou que no ambiente das redes a “fala grosseira traz muito mais engajamento” e que as empresas responsáveis pela sua administração têm lucrado com isso.

Na sua “face virtuosa”, como destacou o ministro, a internet conectou mundos, revolucionou a comunicação interpessoal, aumentou o acesso ao conhecimento e à informação, facilitou o acesso ao espaço público, mas “na sua face negativa” trouxe um universo ao qual deve se estar atento.

“Na sua face negativa abriu avenidas para desinformação, para as teorias conspiratórias, para o discurso de ódio, para as mentiras deliberadas, para os ataques à democracia. E é esse o momento que todos nós vivemos, em que a revolução tecnológica e a internet mudaram a escala da comunicação no mundo”, disse.

O presidente do STF seguiu dizendo que neste cenário o mundo tem vivido uma dualidade, entre proteger a liberdade de expressão e a democracia sem deixar que a sociedade despenque em um “abismo de inseguridade, grosseria, xingamentos, insultos e mentiras”. 

“A fala radical, agressiva, grosseira traz muito mais engajamento do que a fala moderada, racional, a busca pela verdade possível num mundo plural. E essas empresas de tecnologia vivem do engajamento, da quantidade de cliques que recebem, portanto há um incentivo perverso para disseminar o ódio, a agressividade, a grosseria. E esse é o dilema que as democracias todas estão vivendo”, analisou.

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