CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Antonio Fagundes chama o aparelho celular de maquininha e afirma ser um “analfabyte”, um homem que vive às margens da tecnologia. “Aperto o botão errado, dá tudo errado”, revela.
Apesar disso, o perfil dele no Instagram, a única rede social que possui, chegou aos 2 milhões de seguidores há poucas semanas, um número comemorado com direito a bolo e postagem especial.
Em entrevista, o ator afirmou que o alcance de sua conta o surpreende. “Não mostro minha casa, minha vida privada. Falo de poesia, literatura, cinema e teatro”. É uma surpresa agradável, ele não nega, ao citar a satisfação em saber que há tanta gente interessada nos temas artísticos.
Conhecido por apoiar, no passado, campanhas eleitorais do PT, o ator prefere não falar mais sobre política. “Tem tanta gente falando de governo”, diz. “E fazer teatro é fazer política diariamente. Levar 700 pessoas a enfrentar um clima adverso, o trânsito, a violência, sentar em um lugar escurinho, sem poder mexer na maquininha, durante uma hora e meia, é revolucionário”.
Em 2022, em entrevista ao programa Provoca, da TV Cultura, ele revelou incômodo com o fato de apoiar candidatos e depois ser cobrado por acontecimentos sobre os quais não tem controle. “Resolvi parar de ser usado. Continuo tendo a minha consciência política, me posicionando, votando”, disse.
Para Alexandra Martins, atriz e produtora casada com Fagundes há 17 anos, ele conseguiu criar um canal bem-sucedido sobre coisas que gosta de fazer, como ler. O ator tem a assessoria de Nilma Quariguasi, especialista em branding pessoal, para movimentar a rede social.
Em publicação recente, Fagundes compartilhou duas leituras recentes: o romance policial “Sócrates e Xantipa: Um crime em Atenas”, de Gerald Messadié; e “Um Van Gogh no Galinheiro: e Outras Incríveis Aventuras de Obras-primas da Arte”, de Maureen Marozeau.
“Vocês sabem que gosto de ler um pouco de tudo, né?”, perguntou aos seguidores.
Além da atuação, Fagundes e Martins são produtores de teatro e cinema. A comédia “Maldito Benefício”, último trabalho da Fá Filmes, está em fase de pós-produção. Escrito e dirigido por Leonardo Cortez, o filme tem no elenco Romulo Estrela, Luis Miranda e Cris Vianna, além do próprio Fagundes, e faz uma crítica à burocracia e à corrupção.
O casal produziu também “Contra Parede”, sobre conflitos éticos de um jornalista durante uma campanha eleitoral.
Para viabilizar as produções independentes, Martins conta que eles escolhem roteiros que podem ser filmados em 15 dias, com baixo orçamento e atores e equipe técnica experientes nesse tipo de empreitada.
A produção cinematográfica é uma novidade na longa carreira de Fagundes, ao contrário da presença na telona como ator. Ele já trabalhou em mais de 50 filmes, muitas vezes driblando a falta de tempo por causa dos compromissos na TV. “Filmava de madrugada”, conta, confirmando a fama de artista que não para nunca.
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