Após polêmica, brasilienses opinam sobre alterações no Eixão do Lazer

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No primeiro domingo após as polêmicas mudanças nas normas para a ocupação do Eixão do Lazer, frequentadores do espaço ouvidos pela reportagem expressaram opiniões divergentes quanto a um ponto específico: a proibição da venda de bebidas alcoólicas.

“Isso é ruim porque também afasta mais as pessoas porque, quando você vem para andar aqui, espera que você possa comprar uma bebida, uma comida. Além disso, também é ruim para o ambulante, para a economia”, afirmou o engenheiro da computação Leonardo Siqueira, de 43 anos.

A polêmica começou após fiscalização polêmica do Governo do Distrito Federal (GDF) no domingo passado (1º/9), quando ambulantes e outros vendedores foram retirados do local.

O presidente do Departamento de Estradas de Rodagem do DF (DER-DF), Fauzi Nacfur Júnior, disse em entrevista ao Metrópoles que a norma que veta os vendedores de bebidas tem como base uma lei que proíbe a venda de insumos do tipo em beiras de rodovias (o Eixão é a DF-002).

Por outro lado, quem quiser levar bebidas alcóolicas de casa pode. “Ninguém vai intervir na vida pessoal de cada um. O que não pode é vender”, afirmou o presidente do DER-DF.

O órgão tem 30 dias para estabelecer um Plano de Uso e Ocupação do Eixão do Lazer. As mudanças previstas envolvem venda de bebidas e comidas, realização de shows e quantidade de ambulantes instalados no local.

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Leonardo Siqueira e suas filhas

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Elcione Macedo
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Hugo Barreto/Metrópoles

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Frequentador do local desde quando era criança, Siqueira aproveitou este domingo (8/9) para usufruir o Eixão do Lazer junto com as duas filhas, e ressaltou considerar o espaço “essencial para tirar um pouco da pressão do dia a dia”.

“Minhas filhas vêm comigo, normalmente fazemos um pedalzinho. Às vezes a gente fica ali perto onde tem uns brinquedos infláveis, né? Para as crianças brincarem ali no pula-pula. Já fizemos alguns piqueniques embaixo da árvore. Íamos até o Clube do Choro também”, comentou.

Elcione Macedo, de 66 anos, disse que nunca se incomodou com a venda de bebidas alcoólicas, mas considera razoável essa alteração. Além disso, aponta que, se há base legal para isso, não problemas.

“Se eu estou pedalando bêbado, não é adequado. Também tem o trânsito nas laterais e o trânsito nas bicicletas. O pai embriagado, ou qualquer coisa que seja alterada pela bebida, pode descuidar de um filho pequeno. Tem a razão de ser”, disse.

Cultura

Há 33 anos, o Eixão do Lazer é um ponto de encontro democrático da população brasiliense ao longo dos 14 km da via que corta Brasília de norte a sul. O Eixão do Lazer funciona aos domingos e feriados, das 6h às 18h.

Uma alteração que foi questionada é sobre a apresentação de grupos e produtores musicais, que agora vão precisar pedir autorização ao DER-DF para tocar.

A cada fim de semana, será permitido apenas três ou quatro eventos musicais, no máximo. Os artistas serão alocados em áreas em que não há quadras residenciais próximas, para evitar incomodar os moradores.

Para o engenheiro Leonardo Siqueira, isso pode representar um retrocesso na parte cultural do Eixão do Lazer: “Eu acho que tudo que envolve lazer, seja uma música, uma apresentação teatral ou uma academia fazendo uma apresentação de dança, tudo aquilo que promove o lazer tem que evoluir, não voltar atrás”.

Outro tópico que vai passar por regulamentação é a presença de ambulantes. A cada semana, interessados em trabalhar no Eixão do Lazer no fim de semana seguinte deverão pedir autorização ao DER-DF. Para ter a autorização, é necessário estar cadastrado junto ao departamento e com os documentos em dia — o que pode ser feito no site do órgão.

A intenção, segundo o DER-DF, é organizar e evitar a lotação do local. Segundo Fauzi, quem realizar o cadastro até a quinta-feira anterior pode conseguir a autorização — que não é vitalícia e deve ser renovada a semanalmente.

A mudança não agradou o estudante Gabriel Caborra, que corria na manhã deste domingo próximo ao Marco Zero de Brasília.

Ele comentou que nunca se incomodou com nenhuma dessas questões e, na verdade, achava que as atrações musicais e a parte gastronômica representavam o ponto alto do espaço.

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