O Exército vai ajudar os militares do Corpo de Bombeiros do Distrito Federeal (CBMDF) no combate às queimadas que atingem o Parque Nacional de Brasília desde domingo (15/9). A fumaça cobriu grande parte do Distrito Federal e a qualidade do ar chegou a um nível “péssimo” e “perigoso”.
A informação foi confirmada pelo chefe substituto da reserva ecológica, Grahal Benatti, em coletiva de imprensa, na manhã desta segunda. Segundo Benatti, aproximadamente 700 hectares da área de mata da Água Mineral de Brasília foram consumidos pelas chamas. “Pelo cálculo que fizemos das imagens de satélite, avaliamos a área queimada até o momento. O número de 1,2 mil hectares pode incluir a área atingida também fora do parque”, destacou o chefe substituto.
A Polícia Federal vai investigar a origem do incêndio. Para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ibram, a suspeita é de ação criminosa. A Secretaria de Educação autorizou gestores de instituições de ensino em áreas próximas a focos de queimada a suspenderem as aulas.
Tomado por fumaça e névoa seca, o DF amargou graves níveis de poluição. Segundo plataformas de monitoramento, a qualidade do ar chegou a patamares absolutamente insalubres.
O incêndio de grandes proporções que destrói a vegetação e ameaça a fauna do Parque Nacional de Brasília provocou uma densa coluna de fumaça.
Propagação violenta
Na avaliação do coordenador de manejo integrado do fogo do ICMBio, João Morita, o incêndio começou próximo à Granja do Torto, na área da Companhia Ambiental de Saneamento do DF (Caesb).
“A suspeita é que foi um incêndio criminoso mesmo. Alguém colocou de forma proposital”, afirmou o gestor público. As chamas atingiram a reserva ambiental de forma agressiva. “O incêndio teve uma propagação muito rápida, muito violenta, muito intensa”, afirmou Morita.
Veja:
O Ibram compartilha da mesma suspeita. “O que está causando esse cenário são os incêndios criminosos, que ocorreram no dia de ontem na nossa capital”, comentou a instituição, em nota enviada ao Metrópoles.
A fumaça alcançou uma área extensa, o que contribuiu para a diminuição da qualidade do ar na capital do país. Nesta manhã, o site de monitoramento desse cenário em tempo real da empresa suíça IQAir apontava o cenário no Distrito Federal como moderado, devido à concentração de micropartículas na atmosfera.
Ainda segundo o IQAir, a concentração de poluentes prejudiciais é cinco vezes maior do que o valor de referência anual para a qualidade do ar definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A exposição às partículas finas presente no ar pode causar, inclusive, consequências a curto e a longo prazo em caso de inalação.
Veja imagens da manhã desta segunda-feira (16/9):
Outro site de acompanhamento da situação da qualidade do ar, o AQICN.org revela que a situação do ar, às 8h30, chegou aos níveis de “não saudável para grupos sensíveis” e “perigoso”, nível com possibilidade de gerar efeitos mais graves para a saúde de toda a população.
Confira:
As principais recomendações nesse caso são: evitar atividades físicas ao ar livre – especialmente idosos, crianças e pessoas com comorbidades; manter janelas e portas fechadas, para evitar a entrada do ar poluído; usar máscaras do tipo PFF2, PFF3 ou N95 em ambientes externos; manter-se hidratado; e usar umidificadores e/ou, se possível, purificadores de ar.
O CBMDF foi acionado para combater o incêndio na unidade de conservação por volta das 11h20 de domingo. Além das chamas que assolam a unidade de conservação, o órgão atuou em 196 ocorrências desse tipo nos dois últimos dias.
Entre sábado e domingo, o total da área queimada na capital do país chegou a 2.202,38 hectares (ha) – ou 3 mil campos de futebol. Em cerca de oito horas, o Parque Nacional de Brasília perdeu cerca de 1,2 mil ha para o fogo, segundo o ICMBio – área equivalente a, aproximadamente, 1,6 mil campos de futebol.
Brasília sob fumaça
O Metrópoles percorreu algumas vias de Brasília nesta manhã. Além das queimadas registradas, o tempo seco contribuiu para a concentração da névoa, poeira e fuligem sobre o Distrito Federal. A situação dificulta a respiração da população, principalmente na região próxima ao parque nacional.
Além disso, em bairros como a Asa Norte, a visibilidade nas pistas era tão baixa que motoristas tiveram dificuldade para transitar nas primeiras horas desta segunda.
Veja:
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