“Vocês farão muita falta @alessiacarabr,” escreveu a cantora Alessia Cara no X (antigo Twitter), na última sexta-feira (30/8), após o anuncio da suspensão da plataforma no Brasil. Ela não é a única artista que está sentindo falta dos fãs na rede social. Cardi B chegou até a pedir pela volta de contas brasileiras ao X: “Espera, muitas das minhas páginas de fãs são brasileiras!!! Voltem, esperem aí!!”.
Fato é que muitos brasileiros investem em “fanacounts”, ou contas de fãs, em português, como uma forma de interagir com usuários e até promover o trabalho do ídolo. Tanto que a primeira conta de fãs da Billie Elish foi criada por um brasileiro.
Seja em inglês ou em português, tuítes desses internautas dominavam o X/Twitter, com até estratégias para colocar o nome do ídolo entre os assuntos mais comentados. Essa ação era bastante popular entre os kpoppers, que criavam hashtags como homenagens ao aniversário de algum artista ou lançamento de novo projeto.
Tudo isso sem contar os famosos comentários de “Come to Brazil” (Venha ao Brasil, em português), que infestavam postagem de artistas. “Se você não tem alguém que já comentou ‘Venha ao Brasil’ ou ‘Quando você vier ao Brasil, vamos te mostrar tudo, vamos ser acolhedores’ e coisas do tipo, você não é amado”, comentou Jenny Müller, uma estudante de biomedicina e TikToker, em Londres, em um vídeo em novembro sobre os seguidores brasileiros.
Come to Brazil se tornou até o nome de uma música da Drag Queen Alaska Thunderfuck, que fez um vídeo com referências a cultura do Brasil e imagens de fãs brasileiros.
O futuro dos fãs
Mas, com a suspensão do X/Twitter no Brasil, o que acontece com as “fanacounts”? Essa pergunta tomou proporções internacionais, se tornando tópico de um artigo do The Washington Post.
“A saída dos brasileiros da plataforma deixou tanto artistas quanto seus fãs em apuros, já que muitos dos donos de contas de fãs mais engajados da internet estão baseados no país”, pontua a publicação.
Vários destes perfis migraram para outras redes sociais, como Bluesky e Threads, que é do Instagram. No entanto, não é a mesma coisa do Twitter, que facilitava bastante essa troca entre fãs. “Eu sei que é mídia social, mas ao mesmo tempo, é mais do que isso. É o lugar onde conheci amigos incríveis, alguns dos quais se tornaram amigos na vida real. Fazia parte da minha rotina diária”, afirmou Thaís Garcia, que é dona de uma conta dedicada a Taylor Swift, ao jornal norte-americano.
Este também o caso de Caroline Metta, que em 2019, enquanto passava por um momento dificíl, encontrou consolo ao conhecer outros fãs da Dua Lipa no X/Twitter. Ao lado de outros cinco fãs, ela começou a administrar duas páginas de fãs: @dualipacentral_ e @dualipacentrall, que agora têm coletivamente quase 75 mil seguidores.
Após a suspensão da plataforma no Brasil, Caroline conta que somente uma fração desses seguidores se mudou com ela para o Instagram ou o Bluesky. “O Twitter — não só para mim, mas para muitas pessoas — é um entretenimento no meio de nossa vida difícil”, comentou a administradora da fanacount para Dua Lipa.
“O Brasil é uma parte tão grande do Twitter. Como todos viram, todas as contas de fãs estão se revelando brasileiras”, afirmou Lexie Albuquerque, que ajuda a administrar uma conta para o astro de Once Upon a Time, Colin O’Donoghue.
Mas é só no digital?
Há o perigo de que a falta deste contato no digital gere impactos na realidade. “À medida que os donos de contas perdem acesso a seus projetos diários de paixão, eles também veem a deterioração de uma comunidade que mudou suas vidas para melhor — online e na vida real”, comentou o artigo do The Washington Post.
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