Sumiço? A tática para neutralizar poder de Marcola e impedir “salves”

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Conforme revelado pela coluna, a família de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), enviou uma petição à Justiça alegando que o preso está em “isolamento”, fato que teria desencadeado sinais de desorientação, confusão e “oscilações na percepção da realidade”. Fontes da reportagem, entretanto, revelaram que há uma tática cuidadosamente planejada para desmantelar o poder e influência do criminoso dentro e fora dos muros da prisão.

A defesa de Marcola, liderada pelo advogado Bruno Ferullo, apresentou ao juiz corregedor da Penitenciária Federal de Brasília (PFBra) uma petição alegando que o isolamento prolongado e a recente internação na enfermaria da penitenciária são medidas desnecessárias e prejudiciais à saúde mental.

Segundo o documento, Marcola foi transferido para a enfermaria sem justificativa aparente, o que, segundo a defesa, reforçaria a intenção de mantê-lo isolado de maneira total. O advogado afirma que essa situação tem causado sérios danos psicológicos ao líder do PCC, incluindo confusão, desorientação e mudanças drásticas de comportamento.

Por outro lado, a reportagem apurou que a internação na enfermaria ocorreu, de fato, por um curto período enquanto sua cela passava por reparos. Atualmente, Marcola não se encontra mais na enfermaria, mas o chamado “isolamento” persiste por um motivo estratégico: ele foi transferido para uma ala onde está distante de seus aliados, convivendo com apenas outros dois detentos não faccionados. Essa separação tem como principal objetivo impedir que Marcola continue a emitir os temidos “salves” — ordens que resultam em execuções de inimigos e desafetos dentro e fora dos presídios.

Racha na facção

A medida faz parte de uma tática das forças de segurança para enfraquecer o controle de Marcola sobre o PCC, especialmente em um momento em que a facção passa por um racha histórico. Apurações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) indicam que a organização criminosa, uma das maiores da América Latina, está dividida.

O racha teve início após uma conversa gravada entre Marcola e policiais penais federais, onde ele se referiu a Roberto Soriano, conhecido como “Tiriça” e até então seu braço direito, como um “psicopata”. Soriano, interpretando a declaração como uma traição, uniu-se a outros líderes da facção para pedir a morte e expulsão de Marcola do PCC.

Com a cúpula da facção enfrentando divisões internas, as autoridades têm intensificado as medidas de controle sobre Marcola, visando não apenas sua neutralização como líder, mas também a proteção contra a escalada de violência que pode surgir desse conflito interno. A recente transferência de Soriano para a Penitenciária Federal de Brasília, junto com outros dissidentes, reflete o esforço das forças de segurança em manter os principais líderes do PCC sob total vigilância , evitando que eles consolidem poder ou articulem fugas.

A disputa interna no PCC, somada à estratégia aplicada a Marcola, tem potencial para enfraquecer a organização criminosa, que movimenta bilhões anualmente, segundo estimativas da ONU. O próximo passo no processo depende da decisão do juiz corregedor da PRBra, que deverá se pronunciar sobre os pedidos da defesa.

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