O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) criou um grupo para combater facções criminosas no Rio de Janeiro, sobretudo o Comando Vermelho. A iniciativa pretende concentrar os esforços das forças policiais do estado e da União para minar o poder econômico da facção, atacando sua estrutura financeira em áreas consideradas estratégicas.
A criação do colegiado foi oficializada pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, e pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor César Santos. De acordo com Sarrubbo, o grupo vai mapear o fluxo econômico do Comando Vermelho e montar uma rede de inteligência para orientar as ações.
Outro foco será voltado ao contrabando de armas que chegam à facção. Para o secretário nacional, o número de fuzis no Rio de Janeiro é sinal do controle territorial exercido pelo Comando Vermelho, mas que o caminho percorrido por essas armas já é conhecido pelas autoridades.
O grupo de trabalho será coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao MJSP, e começará suas atividades em 10 dias.
O Ministério da Justiça informou à coluna que o trabalho de inteligência será o diferencial das ações da equipe em relação a outras iniciativas já adotadas contra o Comando Vermelho. O número de integrantes do colegiado ainda não foi definido, mas deverá reunir as forças de segurança que compõem o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e parceiros internacionais, cujos nomes não foram divulgados pela pasta.
Entre as ferramentas que devem ser adotadas nas atividades de inteligência estão tecnologias de análise de dados e rastreamento financeiro. “As ações serão orientadas para áreas de maior controle territorial por facções, onde o impacto da presença do Estado pode provocar rupturas significativas no ciclo de violência e na economia dos grupos criminosos”, informou a pasta.
Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor César Santos também disse à coluna que o poder de fogo do Comando Vermelho é outro problema a ser combatido pelo colegiado. “Tem muito fuzil na mão de criminosos no Rio. Uma quantidade que não existe em nenhum lugar do Brasil. Só nesta quarta-feira [30/10], apreendemos 7 fuzis”, afirmou.
“Outro ponto que estará no foco do grupo é o combate à estrutura financeira do crime. É importante integrar mais os órgãos de investigação do estado e da União. Hoje, não há integrantes do governo federal no Cifra [Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos] e nem representantes do Rio no Ficco [Força Integrada de Combate ao Crime Organizado]. Isso vai mudar”, observou Santos.
Foco no dinheiro
Ainda em 2023, a Polícia Federal estabeleceu o foco das ações na apreensão de bens e valores movimentados pelas facções criminosas. Nos primeiros oito meses do ano passado, a corporação interceptou R$ 2,1 bilhões que estavam de posse de bandidos ligados ao tráfico de drogas. A cifra era maior que todo o valor apreendido no ano anterior, de R$ 1,1 bilhão.
As apreensões incluem dinheiro em espécie, armas, carros de luxo, motos, barcos e imóveis que eram utilizados pelos traficantes.
Leia abaixo a nota enviada à coluna pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública:
“O Grupo de Trabalho criado nesta terça-feira (29) para enfrentar o crime organizado no Rio de Janeiro terá como principais focos o mapeamento do fluxo econômico das organizações criminosas e o desenvolvimento de uma rede de inteligência para enfraquecer esses grupos, tanto estrutural quanto financeiramente. Além disso, o GT buscará avançar na retomada de territórios dominados, com uma abordagem estratégica e integrada.
Considerando a realidade do Rio de Janeiro, o principal diferencial do GT é o foco robusto em ações de inteligência e não apenas de operações policiais. Ainda, a integração entre as diversas forças de segurança que compõem o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), ainda a parceria com agências internacionais.
Quanto ao número de integrantes, a equipe ainda está sendo estruturada para garantir a composição adequada de especialistas. A definição das ferramentas específicas e das entidades internacionais será delineada com a entrada oficial do GT em operação nos próximos dias, considerando tecnologias de análise de dados e outras ferramentas de rastreamento financeiro.
Por fim, as ações serão orientadas para áreas de maior controle territorial por facções, onde o impacto da presença do Estado pode provocar rupturas significativas no ciclo de violência e na economia dos grupos criminosos.”
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