Nenhuma região do Distrito Federal teve mais problemas entre síndicos e moradores de condomínios do que Águas Claras nos últimos anos. Entre 2019 e 2024, foram registrados 82 conflitos na cidade, superando os dados de outras 12 regiões juntas. Os anos mais problemáticos foram 2020 e 2022, com 17 ocorrências cada. Em 2024, de janeiro a outubro, o número também já alcançou essa marca.
O Plano Piloto vem logo atrás, com 80 casos, e Taguatinga em terceiro, com 38 ocorrências. Por outro lado, 10 regiões tiveram menos de 10 incidências nos últimos seis anos. Águas Claras lidera esse ranking com a maior densidade populacional no DF, com cerca de 14.074 pessoas por km².
Os dados, obtidos pela Polícia Civil do DF, revelam que difamação é a principal causa dos conflitos, com 165 casos, seguida por injúria, calúnia e ameaça. Lesão corporal dolosa, vias de fato e tentativa de lesão corporal também estão presentes, sendo esta última com apenas duas ocorrências nos últimos seis anos.
O residencial Atol das Rocas foi um dos locais que contribuíram para o aumento de casos em Águas Claras, com nove boletins registrados contra o síndico Cláudio Araújo Caetano, de 53 anos. Em 2022, um síndico de 60 anos foi agredido por uma moradora com uma mangueira, enquanto outro síndico levou um soco após discutir com um morador um mês antes.
A Associação dos Síndicos de Condomínios Comerciais e Residenciais do DF (AssoSíndicos-DF) aponta que síndicos são vítimas da violência, mas também têm responsabilidade nos conflitos. Segundo o presidente da entidade, Emerson Tormann, a visão de que o síndico é um empregado dos moradores gera atritos, especialmente em regiões com alto poder aquisitivo como Águas Claras.
Tormann destaca que regiões movimentadas como Águas Claras, Taguatinga e Plano Piloto sofrem mais com tensões sociais, enquanto áreas mais populosas como Ceilândia resolvem os conflitos sem registro de ocorrências. A entidade promove ações de conscientização e palestras visando melhorar o relacionamento entre síndicos e moradores.
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