O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) reagiu, nessa quarta-feira (20/11), à decisão do o Carrefour francês de não mais comercializar a carne produzida nos países do Mercosul, como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Os produtores da França levantaram suspeitas sobre os padrões ambientais, sociais e de saúde dos produtos originados nos países do bloco sul-americano.
Nessa quarta, o gigante do varejo Carrefour cedeu às pressões do sindicato agrícola francês FNSEA e declarou que não vai mais vender a carne do Mercosul. O CEO do grupo, Alexandre Bompard, apelou a restaurantes que façam o mesmo.
Em uma carta dirigida a Arnaud Rousseau, presidente da FNSEA, Bompard diz que “em toda a França, ouvimos a consternação e a indignação dos agricultores diante da proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul”.
“O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, contra-atacou o Ministério da Agricultura, em nota.
O ministério “reitera a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais”. A pasta rechaçou as declarações de Alexandre Bompard quanto às carnes produzidas pelos países do Mercosul.
“No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo, mantendo relações comerciais com aproximadamente 160 países, atendendo aos padrões mais rigorosos, inclusive para a União Europeia, que compra e atesta, por meio de suas autoridades sanitárias, a qualidade e sanidade das carnes produzidas no Brasil há mais de 40 anos”, diz o Mapa.
Legislação rigorosa
O Ministério da Agricultura ainda salienta que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor.
“[Brasil] Apresentou à União Europeia propostas de modelos eletrônicos que contemplam as etapas iniciais do Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), demonstrando compromisso com uma produção rastreável e transparente, sendo que os modelos privados de rastreabilidade são amplamente reconhecidos e aprovados pelos mercados europeus”, ressalta a pasta.
O Mapa destacou, ainda, “o compromisso da agropecuária brasileira com a qualidade, sanidade e sustentabilidade dos alimentos produzidos no Brasil para contribuir com a segurança alimentar e nutricional de todo o mundo”.
“Lamentável”
Também nessa quarta, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) considerou “lamentável” a declaração de Alexandre Bompard.
A Apex afirmou que o Brasil é um importante produtor global e que tem “assegurado” a segurança alimentar de populações dos mais diversos países.
“Entendemos não haver motivos razoáveis para restrições à carne produzida no Mercosul. Seguimos os mais rigorosos padrões sanitários e ambientais, que garantem sua qualidade em todas as operações de venda de proteína brasileira ao exterior”, diz a agência.
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