No centro de Brasília, uma trama política envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto está causando reações nos meios militares. A defesa de Bolsonaro está adotando a estratégia do “golpe do golpe” para tentar se livrar de acusações de envolvimento em planos golpistas.
Segundo essa linha de defesa, militares de alta patente estariam tramando um golpe para derrubar Bolsonaro e assumir o poder, em vez de mantê-lo na presidência. Essa tese se baseia em um documento elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes, um dos suspeitos de organizar a trama revelada pela Polícia Federal.
A reação dos militares diante dessa estratégia foi intensificada após declarações de Paulo Amador da Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente não se beneficiaria de um eventual golpe. Bueno também garantiu que Bolsonaro não tinha conhecimento dos planos golpistas mencionados no documento elaborado por Mario Fernandes.
Em nota, Braga Netto refutou a tese do “golpe dentro do golpe”, criticando-a como fantasiosa e absurda. Ele ressaltou sua lealdade a Bolsonaro durante seu governo e até os dias atuais.
A minuta do Gabinete Institucional de Gestão de Crise, mencionada no documento elaborado por Mario Fernandes, indicava Augusto Heleno como chefe do grupo, Braga Netto como coordenador-geral, e outros militares em cargos estratégicos. Essa defesa de Bolsonaro tem sido vista como uma quebra de confiança pelos militares, que consideram o movimento como um oportunismo do ex-presidente para se desvincular dos planos golpistas revelados pela PF.
Os aliados de Heleno e Braga Netto responsabilizam mais os advogados de Bolsonaro do que o próprio ex-presidente por essa estratégia de defesa. A relação entre Bolsonaro e os militares, antes considerada próxima, sofreu abalos com a divulgação dessa linha de defesa.
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