O delator Antonio Vinícius Gritzbach, que foi executado em uma emboscada no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, entregou ao Ministério Público de São Paulo um contrato para a construção de 120 casas de um conhecido condomínio residencial da zona sul da cidade. De acordo com as informações, os recursos para a realização desse empreendimento teriam como origem o traficante Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, para quem Gritzbach confessou realizar a lavagem de dinheiro.
Cara Preta foi assassinado a tiros em 2021, no Tatuapé, zona leste da capital. O delator Antonio Vinícius Gritzbach era acusado de ser o mandante desse crime. Segundo o Ministério Público de São Paulo, os desentendimentos entre eles surgiram após Gritzbach perder uma quantia milionária em bitcoins pertencente ao traficante, que também era sócio da empresa de ônibus UpBus, suspeita de ter ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Um empresário identificado como rival do Primeiro Comando da Capital (PCC) foi vítima de um atentado fatal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. O empresário, chamado Vinícius Gritzbach, foi assassinado ao lado de sua namorada, Maria Helena Paiva, enquanto tentava deixar o aeroporto. Gritzbach, conhecido por ter delatado membros do PCC, estava sendo monitorado devido à sua rivalidade com a facção criminosa.
Antônio Vinícius Gritzbach, como era seu nome completo, era conhecido por ter denunciado integrantes do PCC às autoridades, o que o colocou em uma posição de inimizade com a organização criminosa. As imagens mostram o empresário deixando o aeroporto momentos antes do atentado, acompanhado de sua namorada.
As fotografias exibidas revelam o cenário do crime, apresentando desde o terreno em obras do condomínio Terrara, onde Antonio Gritzbach fez suas delações, até a fachada do condomínio já construída, mostrando os desdobramentos das revelações do empresário.
A delação de Gritzbach parece ter sido o motivo por trás do ataque que resultou em sua morte. O empresário estava envolvido em uma disputa com o PCC, o que acabou custando sua vida no trágico episódio ocorrido no aeroporto de Guarulhos.
A rivalidade entre Gritzbach e membros do PCC traz à tona a violência que permeia o ambiente do crime organizado no Brasil, especialmente em São Paulo, onde facções como o PCC exercem grande influência.
O ataque contra Vinícius Gritzbach levanta questões sobre a segurança e a proteção de pessoas que decidem colaborar com as autoridades para enfrentar o crime organizado. A morte do empresário destaca a realidade perigosa que indivíduos que denunciam facções criminosas enfrentam no país.
Portanto, o lamentável episódio ocorrido no aeroporto de Guarulhos evidencia a violência e as tensões que permeiam o cenário das organizações criminosas no Brasil, deixando em evidência a vulnerabilidade daqueles que decidem confrontar essas estruturas de poder.
No bairro da zona leste de São Paulo, concentram-se a maioria dos imóveis de Cara Preta. Vinícius Gritzbach, corretor imobiliário na região, admitiu ter vendido apartamentos subfaturados e recebido o pagamento em dinheiro vivo para lavar dinheiro do tráfico e de outros criminosos, apesar de negar envolvimento na morte de Cara Preta.
Esta parte da delação premiada resultou em uma denúncia do Ministério Público por lavagem de dinheiro contra aliados de Santa Fausta. Há ainda um episódio não esclarecido da delação envolvendo um investimento de valor superior a R$ 30 milhões, além das transações imobiliárias.
Condomínio na zona sul
Santa Fausta assinou um contrato com uma fintech de propriedade do advogado Carlos Alexandre Ballotin para financiar a construção de fases adicionais do condomínio Terrara, na zona sul de São Paulo, que abriga imóveis de alto padrão.
O contrato envolve a construção de anexos em andamento no condomínio. Transações relacionadas à construção das casas na região chegam a somar R$ 180 milhões. O contrato, obtido pelo Metrópoles, é assinado por Ballotin e Santa Fausta, datado de 2021.
O Metrópoles apurou que este é um tema da delação que Gritzbach pretendia detalhar. Após sua morte, investigadores ficaram com o contrato, assinado por Santa Fausta e o advogado, para financiar o empreendimento do Terrara.
A fintech, atualmente sob nova direção, nega conhecimento sobre o contrato. A construtora em questão nega qualquer relação comercial com Santa Fausta e afirma ter adquirido o Terrara de um grande banco por meio de um fundo de investimentos.
A execução de Gritzbach
Vinícius Gritzbach foi assassinado com 10 tiros ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, após retornar de uma viagem a Maceió na companhia de sua namorada, Maria.
A morte de Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), aos 29 anos, continua sem solução. O crime foi facilitado por um informante conhecido como Kauê do Amaral Coelho, que alertou os assassinos sobre a chegada de Gritzbach ao aeroporto. Logo após o aviso, a vítima foi fuzilada no saguão, de acordo com informações da polícia. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) está oferecendo uma recompensa de R$ 50 mil por informações que levem à prisão do informante.
As autoridades policiais acreditam que o PCC esteja por trás do assassinato de Gritzbach, mas o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, não descarta a possibilidade de envolvimento de policiais no crime. Em seu depoimento, o delator expôs esquemas de lavagem de dinheiro pelo PCC e detalhou extorsões praticadas por policiais civis. Todos os agentes civis e militares sob investigação foram afastados de suas funções.
Apesar dos esforços das autoridades, até o momento, ninguém foi detido pelo assassinato de Vinícius Gritzbach. A investigação segue em andamento em busca de mais informações que possam levar à identificação e captura dos responsáveis pela execução do delator do PCC.
Comentários Facebook