Pela primeira vez em quase dez anos, depoimentos e documentos que indicam que a Polícia Federal, durante a Operação Lava Jato, realizou grampos ilegais na cela onde o doleiro Alberto Youssef estava detido em Curitiba se tornaram públicos, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. As informações foram reportadas pelo portal g1.
Youssef é considerado uma figura-chave nas descobertas da investigação. Diante de diversos fatores, incluindo o grampo ilegal, sua defesa está considerando solicitar a anulação de seu acordo de colaboração.
A decisão de Toffoli torna pública a petição da defesa do doleiro e os depoimentos de agentes da Polícia Federal que, à época da operação, confirmam suspeitas de que grampos ilegais estavam sendo realizados.
Entre os depoimentos está o de um policial que confirma ter testemunhado a instalação encoberta de um dispositivo de escuta na cela, em um momento em que Youssef e outros detentos foram retirados da área.
Em sua decisão, Dias Toffoli indica que “de fato, no âmbito da denominada operação ‘lava jato’, houve a captação ambiental ilícita de diálogos” envolvendo Youssef e terceiros enquanto ele estava sob custódia em uma cela na Superintendência Regional da Polícia Federal em Curitiba, “inclusive por intermédio de equipamentos pertencentes à União Federal”.
Segundo a corregedoria da Polícia Federal, a policial responsável pela instalação do grampo não apenas afirma ter tomado conhecimento após a descoberta do equipamento de que a ação carecia de autorização judicial, mas também revela um ambiente de extrema pressão interna, com policiais sofrendo de ansiedade e depressão.
A policial revela ter reconhecido o equipamento como pertencente à instituição assim que Youssef o encontrou na cela, descobrindo então que não havia ordem judicial para o grampo e que estava ativo, ou seja, gravava conversas dos detentos na galeria quando acionado, inclusive remotamente.
De acordo com as conclusões, o grampo foi instalado por um renomado policial em Curitiba, Dalmey, que posteriormente confessou que não havia base legal para a instalação do dispositivo de escuta. Dalmey acabou abordando o assunto em um segundo inquérito aberto sobre o caso.
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