Boas ou más, há frases que, uma vez proferidas, se tornam emblemáticas para seus autores. Bolsonaro é conhecido por diversas, quase sempre para sua própria desvantagem. Jânio Quadros, professor de português antes de se tornar político, era famoso por suas frases marcantes, assim como Juscelino Kubitschek, que contava com intelectuais para redigir discursos memoráveis.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, destaca-se pela sua franqueza, lembrando um pouco da falta de cerimônia de Bolsonaro, da eloquência de Jânio e da preocupação de JK com sua imagem para a posteridade.
À medida que se aproxima do final da metade de seu mandato, Tarcísio corre o risco de ser lembrado pelas declarações feitas no início deste ano, quando confrontado com denúncias de 90 mortes pela polícia na Baixada Santista. Ele afirmou: “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não estou nem aí”.
Nos primeiros nove meses do ano passado, o número de mortos pela Polícia Militar de São Paulo aumentou 82% em comparação ao mesmo período de 2023, passando de 271 para 474. Casos chocantes recentemente envolvendo agentes policiais questionam a política de segurança pública endossada por Tarcísio.
Apesar de almejar ser reconhecido como o governador que mais combate o crime organizado em São Paulo, até o momento só conseguiu a fama de governador que autorizou a polícia a agir com extrema violência.
Na zona sul da capital paulista, em apenas 24 horas, um policial militar jogou um homem de uma ponte e outro matou a tiros pelas costas um outro homem. Os crimes foram filmados, chocando a população, que parece estar habituada a assassinatos. O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, mencionou que “ações isoladas” não podem manchar a reputação da Polícia Militar, uma instituição com “200 anos de bons serviços prestados”.
O Comandante-Geral da Polícia Militar comentou que o ato do policial que jogou o homem da ponte foi um “erro báscio” e “quase infantil”. No entanto, o caso foi considerado um crime sem precedentes, e não um simples erro.
Um dia após o incidente da ponte, Tarcísio participou de um programa de rádio e cantou a música “Boate Azul”, evitando responder questões sobre os crimes. Em suas redes sociais, declarou que os casos serão investigados e punidos rigorosamente, sem demonstrar empatia pelas vítimas.
Tarcísio, que almeja a presidência em 2026 ou 2030, segue uma política de “bandido bom é bandido morto”, mesmo que isso custe a vida de inocentes.
Comentários Facebook