Com mais de duas mil mortes em 489 chacinas nas regiões Norte e Nordeste entre 1988 e 2023, a Bahia se destaca com 104 casos documentados em seis cidades: Salvador, Jequié, Lauro de Freitas, Serra Preta, Simões Filho e Vitória da Conquista, segundo dados da Rede Liberdade divulgados pelo portal g1.
O Mapa de Chacinas Norte e Nordeste destaca a Bahia com o maior número de ocorrências registrado no período analisado. O levantamento foi realizado pela Rede Liberdade em parceria com a Clínica de Direitos Humanos do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), conforme informado pelo g1.
A pesquisa revela que a maioria das chacinas ocorreu em áreas rurais (45,4%), seguidas por áreas urbanas (38,4%) e regiões intermediárias (16,2%). Embora sem um perfil racial definido, as comunidades negras, quilombolas e indígenas são desproporcionalmente afetadas pelas chacinas, em meio à falta de responsabilização dos autores e monitoramento adequado.
O historiador e especialista em Segurança Pública Dudu Ribeiro aponta que as chacinas refletem uma lógica de guerra interna, podendo ser consideradas um massacre racial. Ele enfatiza que tais eventos fazem parte de um policiamento violento direcionado à população negra e periférica, muitas vezes relacionado à guerra às drogas, que, segundo ele, atinge as pessoas e seus territórios.
Ribeiro critica a eficácia das operações especiais de alta letalidade, defendendo que as forças de segurança devem atuar para proteger vidas. Ele aponta para uma crise no modelo de segurança pública adotado na Bahia, baseado na lógica da guerra, e destaca a importância de repensar essa abordagem.
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