São Paulo — A letalidade da Polícia Militar (PM) paulista aumentou em 90% neste ano, durante a gestão do capitão da reserva Guilherme Derrite como secretário da Segurança Pública de São Paulo. De janeiro a novembro de 2023, policiais em serviço mataram 313 pessoas em todo o estado, um aumento significativo em relação às 595 mortes registradas no mesmo período deste ano.
Indicado pelo governador Tarcísio de Freitas, Derrite tem um discurso que, segundo especialistas, incentiva a tropa a agir de forma agressiva, sem temer punições. Antes de assumir o cargo, ele já havia afirmado que era “vergonhoso” para um policial militar não ter pelo menos “três ocorrências” de homicídio em seu currículo.
Essa postura reflete nos dados apresentados pelo Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), órgão do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que mostram um aumento de 71,6% no número de mortes causadas por policiais, considerando também as ocorrências realizadas por PMs que estavam de folga.
Entre os casos que chamaram atenção está o de um policial fora de serviço que atirou pelas costas em um jovem negro que havia furtado produtos de limpeza em um mercado em São Paulo. Outra situação foi a morte de um estudante de medicina por um PM com um tiro à queima-roupa em um hotel na zona sul da capital.
Além disso, a morte do pequeno Ryan da Silva Andrade, de 4 anos, durante uma ação policial no Morro do São Bento, em Santos, litoral de São Paulo, também gerou polêmica. Seu pai havia sido morto por policiais militares com tiros de fuzil na mesma região em fevereiro, durante uma operação que resultou em mais de 60 mortes na Baixada Santista no início do ano.
Um professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) enfatizou a importância de repensar o discurso que legitima a violência policial e influencia as ações dos agentes. Ele citou o caso de um soldado que empurrou um homem de uma ponte, evidenciando a necessidade de ações para conter essas atitudes.
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