O artista baiano Átila Fraga, aos 43 anos, encontrou na arte urbana uma forma de celebrar suas raízes e disseminar amor pelas ruas de São Paulo. Em uma jornada de autoaceitação, Átila superou o preconceito contra seu sotaque nordestino e abraçou sua identidade com orgulho.
Juntamente com o pernambucano Renoir Santos, Átila deu vida ao Paulestinos, um projeto que mescla elementos paulistas e nordestinos em lambe-lambes artísticos. Suas criações em preto e branco transmitem mensagens como “Amares que vem para o bem” e “A gente se acostuma, mas não deveria”.
“Quando cheguei a São Paulo, senti muita dificuldade ao ser chamado de baiano pejorativamente. De sofrer xenofobia, mas sem nem saber que tinha uma palavra para isso”, diz Átila.
A inspiração de Átila vem do cotidiano da metrópole paulistana, onde ele absorve cenas, frases e ditados que se misturam em sua arte. Elementos do cangaço se fundem com a ficção científica, marcando a identidade única do Paulestinos.
O Surgimento do Paulestinos
A incursão no universo do lambe-lambe como forma de expressão artística foi inspirada em artistas como Banksy e Shepard Fairey, levando Átila e Renoir a fundarem o Paulestinos em 2012.
“Resolvemos unir elementos do cangaço com a ficção científica dos HQs japoneses, como Akira. Cangaceiro com sabre de luz, como no Star Wars”, destaca Átila.
Átila, cujo ateliê está localizado em um espaço próximo à Cracolândia, encontra na arte uma maneira de aproximar e acolher as pessoas em meio às realidades urbanas complexas.
A jornada de Átila, que incluiu um período de uso de crack no passado, reflete-se em sua arte que ocupa as ruas, transmitindo mensagens de esperança e reflexão. Seu amor por São Paulo se traduz na gratidão pela oportunidade de se expressar e transformar a cidade.
“A poesia, a palavra, a arte conseguem reverberar na cidade. Esta troca é um ato de doação e recebimento”, ressalta o artista.
A relação intensa de Átila com São Paulo revela seu amor pela cidade que o acolheu e o inspirou a ser quem ele é. Seu trabalho artístico reflete não apenas suas vivências, mas também a essência pulsante da metrópole que o acolheu.
A pergunta que ecoa em sua jornada artística é emblemática: “Existe amor em São Paulo?” Para Átila, a resposta reside no amor próprio de cada indivíduo, refletido na relação única que cada um estabelece com a cidade que o cerca.
A história de Átila Fraga integra a série comemorativa do aniversário de 471 anos de São Paulo. Confira mais histórias inspiradoras que celebram a cidade:
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