Grammy Latino de Canção do Ano, videoclipe latino mais assistido do Youtube em 24 horas e a mais rápida a alcançar 100 milhões de visualizações na plataforma, canção latina mais reproduzida no Spotify em 24 horas e em uma semana. A lista de conquistas da canção “Shakira: Bzrp Music Sessions, Vol. 53”, de Shakira e Bizarrap é grande, entretanto, para um grupo de compositores, o hit trouxe um gosto amargo a suas carreiras.
Em 2019, os compositores Calixto Afiune, Luana Matos, Patrick Graue, Rodrigo Lisboa e Ruan Prado se juntaram para compor a música “Tu Tu Tu”, lançada no ano seguinte pela cantora Mariana Fagundes e Leo Santana e regravada por May e Karen. Na época, brincaram: “Já pensou se alguém copia essa melodia?”. Quase seis anos depois, o grupo acusa a cantora colombiana Shakira e o Dj argentino Bizarrap por plágio.
Ao Bahia Notícias, a compositora baiana Luana Matos, que já escreveu hits para Ivete Sangalo, Léo Santana, Ana Castela, Priscila Senna e outros artistas, explicou sobre a acusação exposta ao público por ela e três de seus colegas de trabalho contra os cantores latinos. Os compositores requisitaram o reconhecimento de sua autoria sobre a música “Bzrp Music Sessions vol. 53”, que, segundo eles, apresenta refrão, ritmo e temática semelhantes a “Tu Tu Tu”.
“As próprias fãs de May e Karen identificaram o plágio e sinalizaram a elas, que por sua vez, sinalizou para a gente, que somos os compositores”, começou Luana. Segundo a compositora, que também é cantora, a decisão de acionar a gravadora responsável pela música foi um consenso entre os cinco.
“Primeiro a gente notificou a Sony, notificamos a Shakira. Na verdade, a gente tinha entrado em contato com a Sony brasileira antes da contratação do escritório [de advocacia]”, contou a cantora. Conforme Matos, o escritório e os artistas foram notificados em dezembro de 2024.
A primeira resposta da gravadora veio do diretor jurídico da Sony Music Publishing Brasil, João Diamantino. “Ele entrou em contato com o escritório, na conversa com o nosso advogado eles admitiram o plágio. Tanto que nos pediram uma proposta”, revelou Luana.
Os compositores pedem que sejam incluídos como autores da música “Bzrp Music Sessions vol. 53” e o equivalente a 10% dos lucros, desde o lançamento da canção, para cada compositor. “A questão da gente é a justiça”.
A resposta para o pedido do grupo deveria ter sido entregue até o dia 15 de janeiro. Um dia antes do fim do acordo, entretanto, Luana contou que um novo advogado, representando Shakira, Bizarrap e a Sony, informou que não seria mais realizado nenhum tipo de acordo.
“Eles entraram em contato com o nosso advogado informando que a Sony não entraria em um acordo, inclusive ele não sabia do Diamantino, que o Diamantino tinha pedido uma proposta para a gente, ele não sabia que ele [Diamantino] já tinha admitido o plágio”, explicou.
A equipe dos compositores deu três dias para que o retorno dos novos advogados da outra parte, a mesma responsável pelo caso de plágio envolvendo Adele, fosse dado, mas a resposta para a proposta não chegou. Foi a partir dessa atitude, que os compositores decidiram levar o caso a público. “A gente precisava que a população soubesse, de fato, o que aconteceu de forma verdadeira”, declarou.
Ainda conforme Luana, após a exposição do caso, os cantores que gravaram a canção foram avisados previamente sobre a situação. Um dos artistas envolvidos com a canção, Léo Santana, chegou a tranquilizá-la e apoiá-la na situação.
“A gente não pediu nada exorbitante. O plágio é escancarado, tanto que quem descobriu foram pessoas leigas, que são os fãs da May e Karen. São pessoas que não entendem de música, ou seja, se ao ouvido cru é perceptível, não tem nem mais o que se discutir”, completou.
Ao site, Luana contou que o sentimento inicial após a descoberta foi de revolta, frustração e impotência. “A arte é intangível e de certa forma até imensurável, porque é uma coisa única quando você cria algo seu. É uma coisa única”. Além de todo o estresse, Luana e os colegas lidam com outra questão emocional.
Rodrigo Lisboa, um dos compositores da canção, faleceu durante as negociações iniciais com a gravadora. “Ele se foi sem ter isso resolvido, sabe? E a gente teve que tocar nessa ferida de novo”.
Quase duas semanas após o prazo inicial do retorno da gravadora e ainda sem novidades quanto a proposta apresentada, Luana afirma que os compositores só pedem o “correto”. “Eu só quero o que é meu de direito, nada mais certo”, concluiu.
Comentários Facebook