A epidemia do vírus Zika que assolou o Brasil em 2015 resultou em um aumento significativo de bebês nascendo com microcefalia, uma condição que se caracteriza pela redução do tamanho da cabeça. Esses bebês, por sua vez, apresentam um maior risco de internação hospitalar, com tempos de permanência mais prolongados até receberem alta médica.
Essa constatação é resultado de um estudo realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os pesquisadores analisaram cerca de 2 mil casos de crianças com a Síndrome Congênita do Zika e compararam com dados de 2,6 milhões de crianças sem a condição.
Os resultados revelaram que as crianças afetadas pelo Zika tinham de três a sete vezes mais chances de serem hospitalizadas do que aquelas sem a síndrome. Além disso, os pacientes com microcefalia tinham uma permanência prolongada no hospital em comparação com crianças sem essa condição.
Desafios Adicionais
O estudo aponta que as crianças com microcefalia enfrentam riscos de desenvolverem doenças concomitantes. Isso porque, para além das enfermidades comuns da infância, como infecções e problemas respiratórios, as crianças com Zika apresentam complicações diretamente relacionadas à microcefalia. Essa interação entre as condições gera um ciclo vicioso de agravamento das complicações.
É fundamental destacar que, segundo a Fiocruz, uma minoria das crianças afetadas pelo Zika sobrevive ao primeiro ano de vida, estimando-se cerca de 20 mil casos suspeitos da síndrome somente no Brasil. As crianças com microcefalia podem enfrentar atrasos no desenvolvimento, deficiência intelectual, desafios motores, convulsões, problemas de alimentação, perda auditiva e dificuldades visuais.
O estudo também salienta que a maioria das vítimas do Zika pertencia a famílias de baixa renda, especialmente residentes em regiões mais quentes com alta prevalência de mosquitos. A transmissão do vírus Zika ocorre predominantemente pela picada do mosquito Aedes aegypti, vetor também da dengue e chikungunya.
Diante desse cenário, os pesquisadores destacam a urgência no desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o Zika, pois as crianças com a síndrome enfrentam riscos significativamente mais elevados de desenvolver complicações graves. Instituições renomadas como a Universidade de São Paulo e o Instituto Butantan estão engajadas em pesquisas voltadas para o desenvolvimento dessa vacina.
Além disso, o Ministério da Saúde tem intensificado as ações de combate às arboviroses, incluindo o Zika, para prevenir futuros surtos e proteger a população vulnerável, principalmente as famílias de baixa renda dependentes do sistema de saúde público.
Esse estudo pioneiro reforça a necessidade de um cuidado especial e integrado para o manejo ambulatorial das crianças afetadas pelo Zika, visando minimizar os impactos negativos e proporcionar uma melhor qualidade de vida para esses pacientes.
Comentários Facebook