Um estudo conduzido pela Universidade da Califórnia em Berkeley e publicado na revista científica Plos One revelou que o período de seis meses após a aquisição do Twitter por Elon Musk, renomeado como X, foi marcado por um considerável aumento no discurso de ódio e pela persistência de contas inautênticas na plataforma.
Analisando postagens em inglês entre janeiro de 2022 e junho de 2023, o estudo apontou que a frequência de publicações racistas, homofóbicas e transfóbicas na rede social aumentou em média 50% em comparação aos meses anteriores à aquisição. Além disso, o número de robôs e contas falsas não foi reduzido, podendo ter até aumentado.
Embora estudos anteriores tenham mostrado resultados similares logo após a aquisição, a pesquisa liderada por Daniel Hickey demonstrou que esse pico de discurso de ódio persistiu nos meses seguintes, mesmo após a mudança de CEO, com Linda Yaccarino substituindo Musk.
O modelo usado para identificar o discurso de ódio levou em consideração a rudez, desrespeito e a intenção provocativa dos comentários, evitando incluir postagens educativas ou pornográficas contendo termos ofensivos para minorias.
Antes da aquisição por Musk, a média semanal de postagens identificadas como discurso de ódio era de 2.179, saltando 50% para 3.246. O aumento foi mais expressivo para comentários transfóbicos (260%), seguidos por racistas (42%) e homofóbicos (30%). Esse crescimento superou a média de atividade na plataforma no mesmo período, além de apresentar um aumento de 70% no engajamento com tais publicações.
Embora não se estabeleça uma relação de causa e efeito entre mudanças de moderação no X e o aumento do discurso de ódio, os autores ressaltam a necessidade de aprimorar a moderação na plataforma diante deste cenário. Desde a aquisição por US$ 44 bilhões, Musk implementou alterações na equipe, na moderação de conteúdo e inclusive bloqueios no Brasil.
Os pesquisadores apontam que as redes sociais têm o potencial de promover ações positivas, mas também podem disseminar ódio e desinformação, sinalizando a importância de desenvolver ferramentas éticas para lidar com essas questões. O estudo reforça a relevância da moderação ativa nas plataformas online para garantir um ambiente saudável e construtivo para todos os usuários.
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