A administração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), editou o áudio de uma entrevista concedida por ele a jornalistas, removendo o trecho em que ele classificava a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “forçação de barra”.
Questionada sobre o corte dessa parte da fala, a assessoria do governo ainda não se pronunciou.
O conteúdo editado foi divulgado no Soundcloud oficial do governo do estado, procedimento habitual após eventos oficiais. Na manhã desta terça-feira (25), Tarcísio participou de um evento de inauguração de uma praça em Mogi das Cruzes, São Paulo.
Ao ser questionado pela imprensa sobre a denúncia envolvendo Bolsonaro, Tarcísio explicou que, na sua visão, as provas coletadas pela Polícia Federal e divulgadas pelo programa Fantástico da TV Globo não estão correlacionadas.
O governador paulista e ex-ministro do governo Bolsonaro declarou: “Não faz o menor sentido, é uma forçação de barra. O que temos hoje é uma questão de revanchismo”. Ele ainda afirmou ter ouvido os áudios obtidos pela PF e que “nada do que está sendo apresentado demonstra qualquer conexão”.
Em declarações dadas em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, o governador acrescentou: “Estão tentando responsabilizar pessoas que não têm culpa. Não podemos nos permitir essa vulgarização, é perigoso. Isso serve para o inimigo público número 1 atualmente e valerá para o inimigo número 1 no futuro”.
Nas últimas semanas, ao defender Bolsonaro, Tarcísio tem distorcido e omitido informações sobre o passado golpista do ex-presidente, alegando, por exemplo, que Bolsonaro nunca participou de ações que visavam minar a democracia.
Durante seu mandato, Bolsonaro tentou minar a confiança no sistema eleitoral, sem evidências de irregularidades, e incentivou apoiadores que clamavam por um golpe. Ele também buscou orientação dos chefes militares sobre possíveis ações golpistas após a derrota nas eleições de 2022, segundo depoimentos.
O ex-presidente também atacou e ameaçou reiteradamente o STF, numa tentativa aparente de enfraquecer o sistema de freios e contrapesos que limitavam seu poder. Além disso, recusou-se a reconhecer a derrota eleitoral, mesmo sem evidências de fraude, e a passar a liderança ao seu sucessor.
Embora tenha negado a intenção de concorrer à presidência em 2026, Tarcísio é considerado por aliados como o melhor nome da direita para disputar a presidência, caso Bolsonaro permaneça inelegível.
Conforme reportagem da Folha, fontes afirmam que Tarcísio estaria disposto a concorrer à presidência, caso essa seja a vontade de Bolsonaro.
Após a revelação de conversas privadas, Tarcísio disse: “Não tenho conversado com ninguém, não pretendo ser candidato, não tenho interesse nisso. As pessoas próximas devem falar por si. Não serei candidato.”
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