O jornalismo pode ser cruel, mas é preciso encarar a realidade. O obituário do Papa Francisco já está preparado em todas as grandes redações do mundo, pronto para ser atualizado conforme sua saúde evolui. A morte, inevitável para todos, é especialmente marcante quando se trata do líder de uma das poucas religiões universais.
Sendo católico, cresci em meio à devoção. Lembro-me de meus primeiros passos na fé na infância, influenciado por familiares profundamente conectados à igreja. A saga dos pontificados, desde Pio XII até o atual Papa, sempre despertou minha atenção e respeito. Cada anúncio fúnebre foi um marco na minha vida espiritual.
Minha tia Zezinha, fervorosa em sua devoção, testemunhou o suspiro final de Pio XII e o desenrolar do pontificado de João XXIII, responsável pela impactante convocação do Concílio Vaticano II. Os pontificados longos de Pio IX e João Paulo II marcaram época, contrastando com a breve passagem de João XXIII. Sua fé transcendeu rotinas mundanas, encontrando expressão nas lágrimas derramadas e preces entoadas pelas figuras papais que partiam.
João XXIII representou menos para ela, enquanto Pio XII ocupava um lugar especial em suas orações. Sua convicção, peculiar e determinada, a impelia a orar pela vida papal, desafiando as expectativas e os prognósticos. Seu pacto abnegado com o divino não era algo que se pudesse explicar racionalmente. Era o deleite da fé em sua forma mais pura e paradoxal.
Hoje, vemos as interpretações divergentes sobre o Papa Francisco permearem os discursos, dividindo opiniões entre conservadores e progressistas. Enquanto os primeiros reverenciam João Paulo II como um ícone, enxergam em Francisco uma figura de postura mais progressista. Cada Papa, com sua marca única, ecoa na história da Igreja, moldando seu legado com atos e decisões que transcendem gerações.
Francisco, atualmente internado em estado crítico, enfrenta a fragilidade da existência humana. Aos 88 anos, sua disposição em permanecer à frente da Igreja Católica se vê desafiada pelas limitações da idade. A possível renúncia, embora rara na história papal, se torna uma alternativa real, delineando um futuro incerto.
Que a intercessão divina prolongue os dias de Francisco, evitando desfechos prematuros e decisões angustiantes. Convido a todos a se unirem em prece por sua saúde e bem-estar. Amém.
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