São Paulo — Em um relatório que indiciou 14 pessoas por conexão com os crimes delatados por Vinícius Gritzbach, a Polícia Federal descreveu em detalhes como o policial civil Rogério Almeida Felício, conhecido como Rogerinho, juntou-se à sua companheira, viúva de um gerente falecido do Primeiro Comando da Capital (PCC), para cobrar dívidas e até assumir uma empresa usada para a lavagem de dinheiro do traficante.
A investigação teve início a partir de trechos da delação de Gritzbach que mencionavam extorsões supostamente realizadas por policiais civis, incluindo um delegado. Estes mesmos policiais eram responsáveis pelo inquérito que acusava Gritzbach pelo assassinato do traficante Anselmo Santa Fausta, conhecido como Cara Preta. Gritzbach morreu negando o crime e alegou que os policiais subtraíram relógios de luxo, apropriaram-se de um sítio e de dinheiro vivo durante uma demanda de R$ 40 milhões para não incriminá-lo.
Rogerinho foi indiciado pela PF por peculato, corrupção, associação criminosa, extorsão e lavagem de dinheiro. De acordo com o Metrópoles, ele possui um patrimônio considerável, é proprietário de um condomínio de luxo no litoral sul de São Paulo, é sócio de uma empresa de construção e gosta de ostentar sua vida de forma extravagante nas redes sociais.
Rogerinho é parceiro de Danielle Bezerra dos Santos, viúva do ex-gerente do PCC Felipe Geremias dos Santos, conhecido como Alemão. A PF recuperou mensagens do celular de Danielle que indicavam que ela estava cobrando dívidas que seu falecido marido ainda tinha a receber antes de sua morte e contava com a ajuda de Rogerinho para isso. Ela comunicava aos devedores que era sua responsabilidade “limpar o dinheiro das ruas”.
Em uma conversa, Rogerinho discutiu abertamente essas cobranças com Danielle. Em outro diálogo, mais agressivo, ele chegou a ameaçar um devedor, mencionando o uso de uma viatura caracterizada para “resolver” a questão.
Conforme a PF, Danielle mantinha contato com membros importantes do PCC, como Márcio Barbosa da Silva, conhecido como Beiço de Mula, um dos líderes da região do ABC paulista. Mensagens indicavam até mesmo conversas entre Danielle e Beiço de Mula relacionadas a conflitos com Rogerinho, resolvidos, supostamente, através de favores, como a oferta de um camarote em um show onde o policial faria segurança particular.
A PF também descobriu mensagens que sugeriam que Rogerinho teria ajudado Danielle a lidar com dinheiro proveniente do pai dela, que estava foragido por homicídio. Durante essas transações financeiras, verificou-se que Rogerinho utilizava uma empresa em nome de um “laranja” que anteriormente era controlada pelo falecido marido de Danielle, o Alemão.
De acordo com a PF, “durante a investigação, tornou-se evidente a participação de Danielle na distribuição de recursos oriundos de atividades ilícitas ligadas ao crime organizado em São Paulo, especialmente relacionadas ao PCC”.
“Os recursos obtidos ilicitamente e lavados pelo casal surgiram, além disso, de atos de corrupção policial realizados por Rogerio, conforme comprovado ao longo da investigação”, concluiu a Polícia Federal.
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