Em busca de uma paz outorgada
A história nos brinda com diversos exemplos de tratados de paz celebrados de maneiras distintas. Muitas vezes, a rendição completa de um dos envolvidos resultava em humilhação pública perante seu próprio povo ao aceitar termos impostos pelo inimigo. Porém, em um mundo de vitórias parciais, a complexidade do cenário se revela em toda a sua extensão.
Na esteira do pós-Segunda Guerra Mundial, o processo de construção da paz assumiu contornos variados em diferentes partes do globo. Na Guerra da Ucrânia, iniciada em 2014 e intensificada em 2022 com a invasão russa, as expectativas de ambos os lados se mostraram desalinhadas com a realidade. Nem os russos conseguiram uma vitória rápida e a substituição do governo por um líder pró-Rússia, nem os ucranianos puderam retomar os territórios perdidos.
Atualmente, cerca de 21% do território ucraniano está sob controle russo. Embora Putin possa vislumbrar esse cenário como uma vitória, as consequências para a Rússia não podem ser menosprezadas: tornou-se o país mais sancionado do mundo, perdeu recursos militares consideráveis e sacrificou muitas vidas.
A decisão dos Estados Unidos em se distanciar dos laços históricos com a Europa Ocidental impõe desafios adicionais. As lideranças europeias reunidas em Paris confrontam a necessidade de lidar com uma nova ordem geopolítica, onde a Realpolitik de líderes autoritários molda o destino não apenas da Ucrânia, mas da própria Europa. A resposta proposta pela Polônia e aceita pragmaticamente pelos demais países europeus envolve um aumento substancial nos gastos militares e a constante modernização das forças armadas.
Nesse contexto, a defesa eficaz contra agressões futuras se torna a prioridade. A Europa, mesmo sem a tutela dos Estados Unidos, possui recursos consideráveis em termos militares que, bem direcionados e atualizados, podem garantir sua segurança. O destino da Ucrânia pode ser moldado por uma paz imposta, mas o futuro da Europa dependerá da capacidade de seus líderes em proteger os interesses de seus cidadãos e garantir a paz duradoura.
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