No vídeo do depoimento do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, à Polícia Federal, é evidenciado o questionamento do delegado Fábio Shor sobre a conexão entre o ex-presidente e o então Procurador-Geral da República, Augusto Aras.
A oitiva, realizada em 5 de dezembro de 2024, revelou detalhes surpreendentes sobre a proximidade entre Bolsonaro e Aras. Cid compartilhou que, ao contrário de outras autoridades, o Procurador-Geral da República não agendava suas visitas ao Palácio da Alvorada por meio dele, mas diretamente com o presidente.
Em um momento do depoimento, Cid é questionado se o contato entre Bolsonaro e Aras era direto, ao que ele confirma, explicando que o procurador costumava apenas avisá-lo previamente. Esta abordagem diferenciada evidencia a relação próxima entre os dois.
Apesar da frequência dos encontros entre Bolsonaro e diversas autoridades, incluindo Aras, essas interações não eram sempre registradas na agenda oficial do presidente. Essa falta de transparência contrastava com a formalidade esperada em relação às atividades do chefe de Estado.
Os encontros eram conduzidos a portas fechadas, sendo desconhecido o conteúdo das conversas por parte de Cid. Mensagens detidas pela PF já haviam corroborado a existência de visitas não agendadas do ex-procurador e outras autoridades a Bolsonaro.
Cid também menciona a regularidade dos encontros de Bolsonaro com autoridades, citando reuniões com a ex-vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo. Estas interações, embora recorrentes, não seguiam uma periodicidade fixa. Destaca-se a presença rotineira, mas sem agendamento formal, de Aras e Araújo.
Aras assumiu o cargo em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, sucedendo Raquel Dodge. Sua recondução em 2021 gerou críticas devido à sua postura em investigações envolvendo o ex-presidente, como no contexto da pandemia de covid-19 e no inquérito das milícias digitais, chegando a pedir o arquivamento de denúncias relevantes.
Além disso, a Procuradoria-Geral da República, sob a gestão de Aras, se posicionou contra o acordo de colaboração premiada proposto por Mauro Cid, evidenciando o contexto complexo envolvendo as relações de poder e as investigações em curso.
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